quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ORAÇÃO DOS DESENCANTOS E OUTRAS CISMAS
 Quem por desavença, destino ou praga se dá, mesmo porfiando descuido ou desajeito e se assenta para peneirar o azul do provérbio, assim destilar mentira, verá depositados nos escaninhos da vida peneirada um borralho grosso de demência, do lado que a sorte é mais calhorda e do outro um ranço de solidão. Abeirado ao retido notará, desfibrando, o cheiro acre de enxofre azedo, fermentado em chumaço graúdo de despautério. Neste proceder, meticuloso para não desandar, a sutileza bela do nada se enfeita de ser, mas só depois de manipulada pelo destino. Fica separada assim, no centro desta bateia cósmica uma catinga apodrecida, inexplicável, condimentada pelos demônios vomitando probabilidades e inesperados sem aviso antecipado na ardência da sobra de ilusão ou estrelas. Loucos e desvairados. Mas para não dizer que a sina se alienou na desgraça, só, ficam caídas no canto esquerdo, também, os pedaços mais graúdos de angústia, que o senhor aproveita para lambuzar as almas que o enganaram ou das outras que ele ludibriou nas encruzilhadas das tabocas. Por derradeiro, as solidões se aglomeram em pedaços maiores e enroscam na joeira.
Assim se grafa o evangelho dos descalabros para desvelo das ameaças e outras torpezas. Segundo os alistamentos dos alucinados e imbecis, há os que acreditam em deus, embora nem sempre deus nos próprios fie. Também se contam entre os tarjados, múltiplos em série por não serem poucos, os que de mais ardilosos se assanham nas tramoias e sorrelfas para catimbarem divinas dádivas, em santos nomes, e nunca pagam assumidas contas. Jamais esquecer os mentirosos ao senhor voltados, que os há desmesurados, no entanto não são, com certeza, os mesmos que deus escarnece. Destrava-se entre alguns os pios ou trêfegos pedintes de dízimos, adereços, relíquias, indulgências, profecias, promessas, esperanças, falcatruas. Estalam estes ligeiros aos céus infindáveis, como se portavam os sarracenos, os olhos sebentos de ardis mesquinhos, pastores oportunistas de melodramáticas curas e promessas no jamais obtidas, refazem os gestos intrincados, amiúde, as contas com os aléns, por se adornarem de lídimos depositários provisórios dos tributos aliciados em divinos nomes e os esbanjam muito por conta, até deus vir no encalço para justo reclamo da sua parte. Então, ah! Adeus a deus. Andais, oh deus.
Há ainda, nem mais retardos nos propósitos, mas nem também os mais afoitos, pois são notados tanto entre os justos como entre os vendilhões, alguns mais descuidados e do senhor darem por falta ou conta só no caminho da morte, amém. É o quanto basta por ora, meu bom amigo para começar a desfolhar o futuro, os imprevistos e as destrezas outras a serem manipuladas no correto espaço entre a vida e o eterno. Tenha bom tempo e chame quando for.
Fechadas as sanhas, os ventos pediram aos badalos da catedral que abrissem seus silêncios para os infinitos poderem repousar nas pazes das inverdades e das falcatruas.
Ceflorence    16/11/17    email   cflorence.amabrasi@uol.com.br  

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