EQUILÍBRIO DO CÁOS
No ali,...lá
na Praça da Matriz, que da Sé dá-se conta e chama, pelos que vindo ou indo,
juntos os juntados dos desamparos, acegados, alienantes, talvez soberbos ou
tempestivos, mor das vezes fugindo de si, curso longo sendo, tentando vida,
vãmente, mas! Vida se faz fazendo, (Versículo dois - Capítulo. sexto -
Despautérios). Praça, por toda, vende-se, compra-se, escamba-se, farturasmuitas:
mentira, cinismo, pipoca, doido, vitupério, chororriso, saltimbanco, aleijado, violeiro,
milho-verde, velho-livro, sermãobravata, bíbliasessocadas, demônio-convertido,
maconha, reza, trombadinha, chárelixir-debaldes-santas curas. E no porvir, para
a-tentando ser, milagres defumados, maus-olhados, quebrantos, abortos.
Remontam
nos tabuleiros, eternos, em Sé, praça da, pelos ditos, por quilo ou porção, tramoia,
bilhete da sorte, sonho, jogo do bicho. Encerrando, solfejados “in alegro”,
encantam e assuntam os abnegados gigolôs e as cativantes e cativadas putas,
manobrando os afetos-tapas-trapaças. Menestréis, gonorreias, assistentes
sociais saboreiam requintes da prostitutas,
proxenetas. No beco das fantasias-fantasmas empina-se faceiralivre a ervafumo. Polícia,
treinada no superlativo do nada, afina-se às igualdades sociais religiosamente escravizadas.
Vício, vosso, aliviavida.
Do
milho-verde, na boca do lixo e do luxo, joga-se a palha ao léu, a esmo, sobrada,
espatifa-se, esmigalhada. Sobe ela, rampeira, burilada, palha espalhada, pulha,
aventa-se atada às solas sapateadas, galga, intrometida, altiva às escadas; catedral,
majestade gótica. A palha espelha pulha, sem fé, pilha e afronta, todos crentes
e, juntos, impregnam o silêncio. Pedem, pedintes, nortes aos santos flechados,
desnudos, lacrimados. Encantam-se, pobres pedintes, nas velas, nos véus, nos
votos. Devoto – “paciência paciente - fé”. O gótico abduz infinito, quietude,
solidão; o dízimo planta, res do chão, para a angústia dispor, indispor e o
desespero esperançar credo,...creia, se chover, colhe.
O sino,
pontual, metódico, insinuante, clama, atribula. A vida, em se fazendo, faz raspar
do chão, em torno, Profato Ceará, jornais, restos todos achados, no saco de
estopa, patrimônio único seu de muitas léguas, ligas, anos, brigas. E ele, enquanto
se acorda, inteira-se das aberrações acasaladas dos iguais, mendigos parceiros,
se em tornando revoltos ao inusitado, ao absurdo, ao talvez,... quem sabe, mais
um dia! Sofrimento? O recanto é o canto sombrio-mórbido entre a árvore grossagrande
e, do metrô, a parede. As pombas conhecem bem, desencanto, canto da miséria,
aonde petiscam restos dos restos, maus sobrados, caminho do além, ali jaz o
purgatório. O céu, o gótico arrastou
para o inalcançável da catedral. O inferno é junto, boca do futuro, ilusão, não
se sabe, só existe se...só; Sé! O purgatório não, o purgatório vicejou ali, no
exato da guarida do nada, enquanto pútrida espreita a vida, sem acalanto, a
morte.
Profato
joga o aconchego da estopa entre o fantasma do tédio e o sorriso do dente único
de Pépodre. Cavoca sente o acariciar do cheiro da solidão, deixa o fantasma do
tédio de Profato beijar-lhe a boca forrada de angústia e sabe: se não beber a
remela do terror o estupra: alucinação, delírio. O afeto da repulsa, mendicantes,
atrai um, demais veem. Dos seis bêbados do purgatório, pelas pombas, dito, salvo
Graveto Magro, o levou a polícia, suando, febre, para remediar a tísica,
tuberculose feia, tostões contados, dos cinco restados, das algibeiras parcas
porcas, para a primeira garrafa, nem dão. Ajuntostões, meia garrafa, se tanto.
O sol arde, o tempo vem, a solução entranha estranha. Pará vai urinar e trás na
boca resto de milho que senhorafina desdenhou no lixo ao entrar na missa.
Reparte espiga, com olhados olhando esfomeados, enquanto a polícia sova,
liberta em pronto, trombadinha. O sino persiste: reza das dez se faz em introito.
Pépodre
caducou de ser criança e memora que a fome o tirou da seca e o atirou no nada.
Mas o destino, subterfúgio dos despropósitos, nos confrontos dos depois, lhe
ofereceu gangrena no pé, podre, Pépodre ficou de nome, para se desapiedar da
alma e remediar o corpo. Na escada da igreja, saídas, oradas feitas, crentes
vários, pé aberto, roxo, pé podre expondo, gangrena alvissareira de sorridente.
Pépodre, sem petulância, voz macia, desprega mais de garrafa, em curto, sem
sofrer espasmo.
Noite:
pombas registram: Profato sorriu, na estopa, abraçado ao fantasma. Pará repartiu
milho. Pépodre esmolou, mas Cavoca comprou pinga. Graveto tísico morreu magro. Trombadinha
descolou baseado. Putas e gigolôs amar-rolaram angústias? Sim. Arrulham pombas,
agraciadas às desarmonias do equilíbrio caótico. Sé, sino, solidão. Assas!
Ceflorence 10/01/16 emai
cflorence. amabrasil@uol.com.br