CAMBALACHOS ENTRE
ENSAIOS DEVANEIOS
Dia de
preguiça, adjacências, engalane-se você acordando, desensarilhe a pressa, abandone-a
entre objetos inúteis, feriado trabalhista, dispense a angústia, pendure sua
preocupação entre o azul e o provérbio. Achegaram-se espaços interessantes para
fomento dos sonhos, desejos, pois os carinhos se abriram com a aurora. Silenciou-se
a fobia para não despertar o repouso da melancolia. As fantasias invadiram tranquilas
recompondo com estilhaços de amor, carícia e canto, porquanto, não ainda havia
encanto para desperdiçar, portanto. Ensaios não movem a vida e nem a porventura
fará qualquer diferença no que estou escrevendo. Saímos empatados. Não diga que
não avisei.
O destino
mareava surpresas de ventos leves, floridos, suficiente para aproar nas marés
cheias, como só e acontecer, com os caprichos despojados e os desejos tranquilos.
Sobre uma revoada extraordinária bordada de prazeres, distribui-se, aleatoriamente,
de forma harmônica, carinho, aconchego e pétalas de saudade, para que cada um,
sem afobação, se servisse dos pequenos, mas mais do que suficientes bocados. Doces
apetitosos pecados venais eram fartamente servidos, entremeados de candura e
recheados de esperança. Os capitais, também pecados, é verdade, muito mais saborosos
e disputados, por escassos, foram oferecidos parcimoniosamente, recobertos dos inconscientes
mais censurados, luxurias entremeadas. Ensolarado dia, pois a gula engravidou.
Esperavam-se sorrisos antes dos carinhos espalharem encantos, para assim os colibris
brincarem em dodecafônicas harmonias, regidas pelo eufórico eunuco coxo.
A
perfeição das reminiscências abrindo-se em cores indiferenciadas provocavam
êxtases, ousadas ternuras, distribuindo anseios inibidos, ainda desconhecidos. Nem
sequer fora permitido desperdiçar esperanças acalentadas no regaço gostoso,
mesmo que bem sucedido sobre os sonetos ingênuos ou as rimas alegres. Muito
menos se propunham ejaculações precoces, pois eventuais movimentos, inesperados,
desafinariam o ritmo, a cadência e até mesmo o tilintar suave das delicadas pontas
de insanidades que estavam sendo amadurecidas para, recolhidas, serem úteis no preparo
do desequilíbrio temporal. Em sintonia com o prazer e o orgasmo, atiravam-se
ágeis e graciosos deslizes azuis, minúsculos, brincando da mais pura imaginação,
para abrirem-se no infinito inacabado. O poente jogou um último delicado e
respeitoso beijo para a aurora, declarando, com graça, que os sonhos estendidos,
para comporem os sonetos, deveriam ser aromatizados meticulosamente sem métrica
ou preconceitos.
Sete
euforias e um orixá se organizaram em duplas de encantos, ensimesmados de reminiscências,
imemoriais versos, embalos suaves, carinhos macios. Tudo para ser recolhido no lugar
combinado, sem retrocesso ou emendas. A volta era somente função de um
subjetivo conceito sobre a necessidade do tempo, coisas dos deuses e dementes, pois
poderiam não ter acontecido. Sabor de alegria não tem norte nem sabor, por
abstratas metáforas, intempestivas, leves pensamentos dispensáveis, tristezas
descartáveis. Havia uma manhã começando a parir-se em bemois. Cada um recolhia seu
quinhão para meditar mais tarde com pequena dose de porvir. Mesmo assim, forma
estranha de encerrar sonhos, conclui-se. Verbos, em galas e fanfarras, gritaram
amém, palhaços e trapezistas, nós todos sobrevivendo de ilusões, com nossos apegos,
tambores ou poesias, indiferentes às melancolias mordiscando nossas angústias, rastejamos
pelas ruas tristes, formas perdidas, restando-nos pisar ao léu, a cata e sanha,
procura do eu!
E por serem crianças as noites das
nossas ignorâncias, intocáveis, sem pautas para desabrocharem melhores destinos
em amanhãs ou ternuras, restando, se couber, a pergunta presa no ar, nosso ar, ar
de dementes: quem sobreviverá sem opressão para alimentar o impossível, a paranoia,
o infinito, paradoxos da vida? Avisei para não caminhar na trilha, mas, se o fez,
transcenda, não cabe lamentar. Assunhaiê dos orixás.
Ceflorence
– 22/11/17 e-mail cflorence.amabrasil@uol.com.br
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