sexta-feira, 31 de agosto de 2018


POR SER SÁBADO
E por estarmos além do mais enlaçados em um momento muito propício à transição, em plena imantação conflitiva e imagética, absortos nós indelevelmente ao período esbentálio quaternário, plenamente extasiados pelas primeiras flores outonais adornando o caminho de alfa, não poderíamos de forma alguma deixar de registrar os antecedentes. Nestas circunstâncias a Constelação de Espórius, genuinamente subjetiva e transcendental, dividia, sem preconceitos ou lamúrias, o racionalismo fugaz da metamorfose euclidiana. Ao indispensável esclarecimento complementar destas colocações impõe-se fundamentar, com toda ênfase, o perfeito equilíbrio entre o desvio padrão da teoria da relatividade, em complemento aleatório do inconsciente sobre o surrealismo e fator relevante para a localização de Álcion Maior. Preponderando, como catalisador, neste contexto, observou-se a aceitação plena dos princípios evolucionistas de Darwin. Portanto, confirmando esta realidade inabalável, seguem estrofes alexandrinas, tal como foram grafadas, para registro correto das meditações e devaneios complementares ao conceito primário do existencialismo.
 Em consequência destas decisões cuidadosas, foram as metáforas amadurecidas e oferecidas em escalas dodecafônicas, em tons maiores, para alegria dos deuses de Espiódon, mas meticulosamente dispostas em sequências inversas às luxurias, aproveitando os melhores pecados capitais disponíveis, sem prejuízo dos símbolos e das métricas. Com isto evitou-se o confronto da irracionalidade fundamentalista face ao preconceito ortodoxo ecumênico. Por último, de forma clara e contundente, entre nenúfares e centopeias se estabeleceram relações afetivas dissonantes, sem preocupações sexuais reprodutivas, mas que por habito e força dialética se dissolveram suavemente entre neblinas, danças típicas e metástases. Em se estando em pleno outono não houve contraditórios, pois as águas fartas procuravam seus destinos entre pedras e sonhos. Inverteram-se as esperanças, como seria habitual entre os mais tímidos, e uma brisa suave das ninfas bailando bafejou forte o aroma do futuro, deixando o passado se acomodar no presente como preferem as crianças ao se aninharem nos regaços maternos.
Distribuíram-se cores e versos aos ausentes e nobres. As melodias silenciosas se dispuseram caladas a envolver as sutilezas desde o amanhecer, iniciando pelos fragmentos miúdos de alegria e brisas calmas. Suaves pétalas de orgasmos foram colhidas ainda com o sabor do sereno e distribuídas para os que se aconchegavam às fantasias. Escolhia-se entre os presentes os que prefeririam os desejos mais acabrunhados ou os que se deixariam recobrir de fantasias. Foi se o dia e se fez noite, tanto assim que ouvimos claramente, muito longe, a lentidão do latido de uma ilusão atravessando sua nostalgia preferida. Não restava dúvida, as cores eram simbólicas, mas as tonalidades mais altivas caiam reais e delicadas sobre a garoa entremeada de devaneios leves procurando metáforas sutis nos âmagos dos paradoxos saborosos.
Dolente, sobre as nuvens distantes, as meninas sorriam sós e despreocupadas para enfeitarem mais um sábado. Singelas, gratificavam os que devaneavam introvertidos na imensidão do imaginário e do delírio. Prevaleceu a demência dócil.
Ceflorence        22/08/18         email cflorence.amabrasil@uol.com.br

quinta-feira, 16 de agosto de 2018


ORDEM INVERSA
Esgarçado o cosmos registraram-se, condignamente, sob as bênçãos das torrentes psicóticas mais saudáveis e robustas os benefícios do reaproveitamento de almas descartadas, enfeitiçadas ainda. Ainhuvãtsau, exumado em tempo e verbo, coordenou as intransigências, pois as solidões se enfeitaram mimosas para os procedimentos; rituais tradicionais “in memoriam” praticados. Sem impactos agressivos, as luzes ideológicas não se calaram ao trazerem reconciliações e meditações, enquanto, metodicamente, os paradigmas indispensáveis eram grafados sob as melhores hipóteses após os trabalhos abertos. Os mais afoitos se desnudaram, educadamente, as dúvidas se esconderam entre as lágrimas pueris e uma chuva de provérbios desafinou melodiosa em arcos-ires para apaziguar o cotidiano. A paz beijou a tristeza. No espaço enorme, proposital, aberto à imaginação sem barreiras entre o nada e a surpresa, distribuiu-se fartamente as pretensões do acasalamento e da procriação híbrida da gênesis espiritualista com a teoria evolucionista Darwiniana. Consagrou-se o vermelho como o som preferido e acentuou-se a cor do silêncio para todos se reconciliarem ouvindo respeitosamente o infinito ressonar. Coisas do romantismo revisionista.
Confirmou-se assim, consolidando o encerramento, em Segmar Aiwan, período amorfo e incorpóreo, com total incompatibilidade geológica, carnal ou botânica presa à desprezível realidade, mesmo face às crenças fundamentalistas, que foram as almas desencarnadas acomodadas ali, provisoriamente, pois o imponderável escolhido carregava alegrias soturnas e clarezas exotéricas exigidas pelos preceitos e ritos. Estendiam-se as almas apaziguadas, já metamorfoseadas, condignas para os cerimoniais, caprichosamente distribuídas a leste do inconsciente e acima do subjetivo. Matéria esta, espiritual, considerada fundamental e irreversível para se amoldar ao além e ao ponto nevrálgico entre o zodíaco e a premonição. Aproveitaram-se as intransigências morais indispensáveis para serem eximidos os impactos das incertezas e das fantasias, fortemente fixadas na junção da constelação de Outires com a área gangrenada do privilégio do escárnio, regiões de tonalidades assexuadas medianas, de aromas conflitivos, mas ainda em período duvidoso de putrefação saudável. A solução final, em transito, seria o inverso da sintonia dodecafônica e inacabada, imperceptível para os encarnados.
Antes do encerramento lúdico e majestoso, como previsível, Ainhuvãtsau transmudou o signo da paixão, então disfarçado de complexo de édipo, pelos sete paradoxos indestrutíveis utilizados pelas emoções que governam as almas desencarnadas habitantes dos astros da constelação de Segmar Aiwan. Para cravar fundo e indelével a harmonia das heresias e dos pecados, as almas dos astros escambam seus enfados e desatinos pela ordem inversa das emoções materializadas pelo criador: intuição, demência, passionalidade, ciúmes, malícia, deboche, inveja.  
A inversão dialética da ordem tornou claro o poder e a magia de Ainhuvãtsau.
    Ceflorence    email  cflorence.amabraasil@uol.com.br    

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

DESFEITANDO
Assim foi como procedeu conversa entre os desencontrados dos desatinos e dos proseados nas rodas de espreitas às socapas, daqueles que bebericavam café requentado e cachaça desaforada de ruim em boca. E nestes plausíveis do nascer do dia, não muito claros para o seu desconforme, foi que Joca tentou criar artimanha de por sentido nos redemoinhos dos solitários do consigo, cabisbaixado, remoendo desditas engravidadas pelos desatinos calhordas, jogadas nos tropeços dos seus caminhos para abusar de não dar formosura de ciência nas querências do futuro. “Se aroeira brava sofresse solidão, não se aprestava para moirão de porteira velha”, assunta, no resfolego do repente, Joca, sem rastro ou métrica de definição ajustada. O porvir que vagueava tal bando de maritacas agitadas e gritadeiras, em roça de milho verde, se pôs nas consoantes das ideias, igualados das embiras trançadas, como bornal de mantimentos onde se joga tudo nos distúrbios e nunca se encontra nada nas carências das precisões. O beija flor agitou suas intemperanças no caminho de destravar os encontros das tristezas com a solidão e pairou no ar para enfeitar a brisa. O riacho se fez de brioso, aprumou pelas cascatas se escondendo entre as pedras mais salientes e Joca se pôs a levantar os pensamentos para os lados das sinas melindrosas.            
              E não adiantava este viajar pelos nadas dos destinos, se o cavalo, único parceiro de prosa séria naqueles espigões isolados de serras bravas, não se arvorasse no rumo certo, em marcha estradeira, no intento do caboclo poder, nos entremeios, salpicar fantasias espicaçadas no arremedo de solução. Naquele toadão mal tinha arremedo de tempo de por reparo bem adornado na natureza das beiradas enriachadas que cortavam o caminhando, misturando os internos do seu eu com as quebradas abonitadas até aonde a vista cegueiva as vistas turvas. E era nestes perdidos que ele bolinava as farturas das dúvidas. O moço só arremediava nas tramuras de se empertigar por desaforo, amor embuchado e cavalo redomão, como despalpitava Sobroncio das Remeleras, que apaziguou de morrer beirando os cem.   
No meio destes transviados, Joca sonhava com um dia, ninguém sabe dos quantos, em que com a mesma destreza de armar vara de pescar magote, naquelas corredeiras frias, sem tempo medido de se soltar livre em alegria, como se linha de pescar fosse para buscar fundo nas locas das pedras batidas, nos propósitos de acabar de vez com aquele medo amamentador de acanhamento vergonhoso e se arrematar só na coragem atiçada como pinga de curandeiro usada nas artimanhas. E o alazão, que lia pensamento no perfume dos ventos que carregavam os cantos da seriema do cerrado, virou nos pés arribando atalho na direção da Toca Grande, aonde a sorte derramou Rosinha desde os tempos esquecidos. Joca poderia, assim, até que enfim, gargalhar coragem de amor declarado, na barra da candura da Rosinha, pois o alazão definiu rumo e prosa. Joca não contradisse nem esmoreceu de definhar no porvir.
Mas, pois, como se falou, o resto só eles deram conta e fica para outro dia para os demais proseados com tempo de ser então tragado com cachaça, serventia e pé na estrada. Assim foi.

 Ceflorence  e-mail    cflorence.amabrasil@uol.com.br 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018


AZUL EM SUSTENIDO
            Me fiz em sustenidos só e só por ter sido, como recordo, em um destes outonos iguais quando o sonho se fantasiava de verbo, o tempo amadurecia entre as águas procurando seus destinos e os destinos se perdiam nos prováveis. Deu-se, pois, em métricas e dúvidas os acontecidos. Os pássaros se preparavam para acasalarem, apaixonados, melodiando, singelos como para o que tão bem foram criados e assim enfeitarem os provérbios e a natureza. Deus agraciava naquele instante de nostalgia o futuro, deixando repousar o passado e o presente, por ser o único que operava nas três dimensões temporais e o demônio desdizia a sorte enquanto escalavrava a frieira do casco caprino. Coisas banais, mitológicas, mas que afetavam o cotidiano da pequenina vila em que me desgastava pelos dias a passarem. Os sinos se fizeram em tons menores para me convidarem às meditações e preces.
Simultâneo, não se entendiam, procurando os mesmos descaminhos dos  improváveis entre os devaneios e as metáforas os poetas entremeando, indefinidos, suas parábolas e os filósofos se perdiam em tertúlias platônicas, mas nada afetava as crianças brincando de alegria para invejarem os carentes.  Sentei-me à praça conversando com a melancolia deixando-me acompanhar às indecisões das nuvens desenhando abstrações embaladas por caprichos e brisas. Não me defini se estaria em alfa, angustiado ou se o beija flor ousaria com suas asas cadenciadas romper o silêncio. Real, estas indefinições ocupavam-me entre os escaninhos da depressão e o silêncio ruidoso do beija flor não fazia mais do que embaralhar as ideias pobres e preguiçosas com intentos de azucrinar os verdes.
Por ser de destino e paz, a alegoria vinda da boca da noite se acomodava para dormir entre as ameixeiras e se disfarçava entre as flores que gostariam de se aninharem pelos infinitos brincando nos regaços das correntezas disfarçadas nas pedras, sem métrica ou pecado. Sem quererem encerrar, pois o sol ainda teria o que dizer um restado de dia caindo, se preparavam os bulbos para frutos se tornarem, amadurecerem e se desfazerem das melancolias. Isto retardava o meu outono e os meus pensamentos. A menina brincava de amarelinha, alongando sua pedra de toque para o infinito de seu destino enquadrado para saltitar ágil até sua meta e sonho. Invejei sua ambição que não ultrapassava a fantasias do quadrado pequeno onde cabia a imensidão do seu sorriso, da sua alegria e da sua ambição. Os balões foram liberados das redondilhas dos bardos aprendendo a imitar as estrelas a brincarem nos azuis.
A tarde caiu repetindo sua rotina nas horas das preguiças e das preces. Preferi me recolher subindo as vielas tortas como os meus pensamentos. A menina dos saltos sobre as nuances das amarelinhas se escondeu nas frestas contorcidas da alegria e me deixou entre sonhos amarfanhados em pencas graúdas de solidões.
Ceflorence     24/07/18      email    cflorence.amabrasil@uol.com.br