quinta-feira, 29 de março de 2018


AMEIGAÇÕES E OUTRAS DESFORRAS
            Cambou por cisma no rastro das poeiras, sem nem arregaçar as soberbas valentias que carregava no entranhado do coração apaixonado e nos baldrames apelegados. Tudo vinha por conta dos enviesados das almas como deus exigia nas atitudes corretas empertigadas sobre o cotiâno mesmo, igualado nas prerrogativas e se fez rabiscando com as pontas dos olhos melancólicos os horizontes para ver se choveria ou o canarinho cantaria para o sol se pôr correto. Poetizou no pensamento e verbalizou nas falas. Entardeceu nas horizontais tristezas, pois notou nos distanciados das vistas próprias, tanto que só repousou a sobeja quando perpendiculou os infinitos fazendo o padre nosso pelas canhotas sem desaforos e nem indiscretou por imposição das nostalgias ainda sabendo o faltado de muito chão para achegar à Rosinha.
Pois teria nestas refregas de chãos acavalados a se seguirem uns depois dos outros, ao atropar mulada até o fim do entardecer para merecer pouso pousado que se desse por bem merecido e saberia o demônio só quando. Era assim que arredondava no tempo as ideias, sozinho de quem desajuizava diferente que estradasse por diferentes dias seguidos conversando com o destino, com os verdes e com os verbos das melancolias. Pois ponha sentido se a vida não é de malignanimidades desaforadas e outros destravados para quem tropeia xucradas tropas, meu senhor que me ouve agora nesta prosa de sina curta e poeira grossa? Pode desfazer da fala, mas era assim que se conversava dos advérbios e dos significantes quando se estradava rumos alongados por conta das desforras.
Vieram juntados no vento estas coisas antigas do muladeiro conhecido e aferrado em pedregulhos, quebradas e mais suas desforras, destino de gente braba e salmourada no sol, pois só posso contar como recebi estes proseados nos respeitos merecidos, sedimentados, por certo, que Acatácio, citadino de nascimento do Perempé Miúdo, lugarejo de desforras de pé de serra, por onde brotavam as estripulias dos aventados enviesados das coisas por se fazerem em refregas sistemáticas e bem mais adiante tendo as vistas dos lados da beira do Catimbau Grande, rio arrepiado de tormentoso e sistemático nas corredeiras, que ornava em cachoeira das Serras dos Vantapaus. Não desmenti, nem tão pouco desacorçoei, foi, pois de onde vieram estas cantigas não era lugar de cafareu medroso procriar na despoja. Carregava Acatácio de infância, desde que assumira menino, um sotaque de sorriso insinuado, um trejeitado desandativo, desarvorado no arreliamento para amansar burro redomão, aparado tudo na cadência de amar mulher afeitada de bonita, descasada de compromissos, e cachaçar na desforra do truco safado.  Não temperava nas contrafeitas e nem desfazia de coisa pouca para atribular fácil em briga, arribar cavalo xucro só por desafeto ou desmerecer serviços de natureza qualquer até nas horas dos pores dos sois.  Com olhos grandes e o provérbio ficou parada no meio da dúvida esperando o destino se fazer poente e seguiu caminho repensando na vida.
Caminho e tarde se fizeram. O ameno cruzou a pinguela, melindrou o cavalo, a porteira se abriu nas retrancas da tropa que descruzou a saudade. O sorriso da moça Rosinha chamuscou na ponta da jornada que se acabara. Pois. Coisas simples são simples e agadanham o coração, quem souber outra, prometa, não vai desvirtuar.       
Ceflorence   13/03/18         email   cflorence.amabrasil@uol.co.br

segunda-feira, 26 de março de 2018


PASSARINHANDO, ALÇAPÃO E OUTRAS CISMAS.
Em sendo catinga nada se fazia de véspera ou porventura. No rareado de trabalho ou outras cismas para depois ficarem, subiam Cadinho e o irmão Jupá os trambiques da capoeira de cima, abeirando o córrego, no silvado da macega escondendo o destino, alongando para os lados da Serra da Forquilha, chamada tanto assim pelo morro dividido em dois des-peitos de seios em formas enfurquilhadas e pontiagudas soberbas. Seios maduros de uma madrinha seca oferecendo os mamilos enormes para deus saciar o infinito e oferecer ao sertão as bonanças dos ventos e devaneios enfeitiçando a serra. Os irmãos empunhavam a chama, curió velho de gaiola, animados dos propósitos e subiam pelas trilhas dos cambarás onde os pintassilgos enveredavam suas preferências e aptidões dos cantados próprios.
Do bacupari mudo, o gato desfazia as vistas disfarçadas para atiçar as preferências dos ataques às juritis aninhadas no cajá de cima. Atendida de ouvinte dos perigos carecidos, entravada nos lamentos das macegas, hora derirembora o dia e na rota de sempre a paquinha miúda desassombrava ao bebedouro no intuito de escurecer e na cautela acompanhava o sol na mesma toada e rumo. O destino era manso e na carência da fêmea alongada, o azulão, por melodia e praxe, entristecia piados curtos, para desfaçar propósitos do mesmo gavião rondando as beiradas. No movimento sinuoso, bailado perfeito, certo beija-flor, aos acasos, flertava cores indiferentes em cada descuido e nem carecia ajuda de quem seguia a faina para lambiscar suas afeições, escolhendo entre as farturas da florada do chapéu-de-couro ou sugar os floridos do pau-de-tucano. Caminhavam os irmãos nas mudezes da gaiola.
Veio mais, a irmanada dupla entrosada nos intentos do curió, ajustado pelos escondidos e cantos como andejavam os passarinhos livres, desviavam estreitos, ciências sabidas, de um cipó que puxava galho ruidoso, pisavam leves nos sentidos de não barulhar descuido, atinavam na moita onde o danado pousou chamando fêmea e se empertigaram nas pontas dos pés para armarem a arapuca com a gaiola da chama no mais alto dado. O angico grande, imutavelmente nas aptidões que lhe conferiram, nem desmereceu a gentileza do alçapão e do chama engaiolado, atrelados às suas confianças e mesuras, assossegou calado nas parcerias. Ele, curió, vinha encruado de mania, passarinhando sendo como era sempre passarinho, voltou sisudo de lampejos lindos e fugidios de agir improvisado de rebeldia própria. Coisas dos curiós que só os aléns ajustavam corretos entre os saberes próprios dos voadores. Aprouveram pelos silêncios, espicaçaram as espertezas nas intenções dos dois curiós em suas rebeldias. Um solto atinado em briga pelo invasor em suas demandas, outro engaiolado nas desventuras de querer achar seus sertões e jamais voltar.
A noite caiu mansa para ajuizar as teimas e os manos não contaram como foi que se deram as desforras passarinheiras na Forquilha nas desavenças das caças. O sol se recostou no regaço da serra e deixou a noite acatar suas cismas e passaredos.          
Ceflorence       email   cfloence.amabrasil@uol.com.br

quinta-feira, 22 de março de 2018


OUTRAS SAGAS E CAMBALACHOS
            Quem deu por cadenciar moroso e dolente os proseados, como era das suas temperanças, arribado sobre a mula alazã passarinheira como preferia aleguar nas trilhas encarrilhadas tropeando burrada xucra pelas serras e sertões foi o muladeiro renomado Amandácio do Catadeu, no restado dos dias antes de prover morrer muito amasiado com a tranquilidade e destino, pois iria bater quase cem, sem nenhum remorso por jamais ter matado ou castigado um cristão, mesmo de má catadura, sem as estritas justiças e modos condizentes nos respeitos as regras do senhor. Amoldado às vontades de contar seus casos, mas por carente das regras das ciências das leituras e das letras não se atreveu a deixar de refazer nas lembranças nenhum diminutivo ou atrevimento e no contra verso me mandou atentar nas memórias para depois recontar como desse e assim ficou o que sobrou das catas. Pelos que salvei das falas de Amandácio, enquanto comíamos poeira atrás da tropa, deduziu ele muito justo como sempre que das contradições carecidas de serem grafadas sobre as desavenças ou as premonições, nem se sustentaram nas crendices ou se atiçaram esclarecidas de todo, mas isto não desmereceu serem contadas e vão agora devagarosas, paciencientadas, como era do seu jeito para apaziguar o verbo como quem lambesse a palha de milho para o cigarro cheiroso ou para bajular as fantasias e não desvirtuar o ouvido de quem atentava.
            Achegada a hora, mais caberia começar a aurora, depois das doze derradeiras estrelas escolhidas pelas luas, agraciadas pelos sonhos e seresteiros, chorarem em seus recantos de silêncios para começarem a se recolher. Por conta das rotinas coube ao sol já ir se preparando atrevido para espionar por trás das torres da matriz beijadas pelos ventos e desventuras. Era assim o anseio para se converter em madrugada, carrilhões da praça atenderam os recados engraçando embalos coloridos para os primeiros fiéis compartilharem achegos aos serviços em tempo justo dos portais da catedral abertos, pois nos pêndulos das artimanhas entre o fim da noite e o parir do dia acalantariam os aninhos das meretrizes e dos proxenetas des-abnegarem escaldados das agruras que enfrentaram, para merecerem seus repousos. Antes das luzes serem recolhidas, a garoa lacrimou nos ombros das mágoas, os pecados sem arrependimentos não se persignaram frente aos vitrais abençoados da matriz e os desatinos procuraram achego nas solidões. Pairava um azul acabrunhado e dolente envolvendo os achegos, coisas dos imprevistos e das solidões. Nisto, por justo dos caminhos, as torpezas foram escapando dos dentes da boca da noite fechando e o ranço do trafego agitando a tristeza de cada desgraçado portando suas desavenças com os próprios destinos. Nos palpites jogados tais búzios para interpretarem os rancores não atinavam mais se haveriam motivos de serem recontados, mesmo até porque os preceitos e os provérbios não foram vistos com os mesmos olhos entre os enfeitiçados, que lambiam uns os sovacos do demônio e os outros demais, desprovidos de alentos, assuavam de deus os ranhos, fingindo arrependimentos cínicos.  Foi começando nestas prosas que a mula de Amandácio aprimorou para as canhotas e sumiu nas fantasias como gostava de fazer para enganar as imaginações. Os restados das estórias vieram posteriormente e desvirtuadas como eram seus temperamentos.
Ceflorence      27/02/18     email     cflorence.amabrasil@uol.com.br

sexta-feira, 16 de março de 2018


DAS ANGÚSTIAS E DAS SOLIDÕES.
O cachorro espreguiçou embaixo do alpendre, não latiu, gemeu, pois viu o sol acomodar, não procedia sombrear mais. Tia Biazinha, que tresandava a alma pelo sobrado esfrangalhando suas velhices de penadas solidões, escutou a algazarra dos cupins corroendo a leitura da folha da bíblia na capela, na parte da desforra sobre as ordens caprichosas de Abraão extraviando sua mulher bonita para o faraó do Egito, ordenando a ela, muito contrafeita, dizer-se irmã e recolherem os frutos das dadivas do Nilo. Coisas das divinas mitologias apostólicas. Gesto enobrecido de confusões e palpites com o qual deus queria castrar em seguida o monarca pelas suas prerrogativas libidinais e pecaminosas sobre os desejos das mulheres alheias.
Coisas dos sacramentos e Biazinha se persignou emudecida, pois tinha muito medo de confusões, arrastou o crucifixo com que contava os cômodos por onde cruzava nos corredores, o gato e o urinol para os andamentos, antes de indicar aos morcegos seus motivos e pousos. Na sala de jantar o vento mexeu agressivo, repetitivo, com os pratos. As travessas de pratas azinhavradas, as taças das cristaleiras, até para se darem justificados entreolhados aos apóstolos da santa ceia conferindo os barulhos. Jesus persistia empolgado nas suas reverentes magias e elucubrações transformando o corpo em pão e o sangue em vinho para todos pretenderem falar das confraternizações e dos perdões por muitos séculos. Restava enorme distância até a solidão da meia noite, hora dos cantos, dos mistérios dos galos, tanto assim que as ratazanas mais antigas, que ainda não haviam abandonado o silêncio do sobrado, ficaram impressionadas com os apóstolos embriagados e Jesus se desfazendo em meditações e prognósticos das traições.
Na capela nenhum santo protestou do barulho dos cupins mastigando os restados da bíblia, enquanto a vela apagada desmerecia seus sentidos, pois caíra exausta sobre os rendados apodrecidos do altar. Seu Vazinho, que despachara a família para as capitais para não penarem com a seca e restou sozinho com Jupitão compadre para afrontarem sozinhos seus silêncios, atentou longe suas angústias, desmediu o infinito pela janela, encruou na vermelhidão do poente sol, prometendo estirar a seca. Um galo perdido, esquecido na sua ignorância das desfeitas, desafinou beirando a capoeira sem saber por que, repetindo seu semelhante das escrituras. O galo cantava quando estava com preguiça, sentia a solidão mourejar vazia ou até no gesto de repetir para não esquecer a melodia, pensou consigo Seu Vazinho, mas nem no ciciado abriu desfeita. Pensou, não procedeu ele no verbo do que imaginara, achou descabido acatar estes desvarios desapropriados com a seca batendo à porta, desfez calado, permitiu-se só ouvir o silêncio entristecido continuar afagando a solidão. Acrescentou suas falas vendo a noite chegar. A solidão iria se estender até que as sete luas de obobolaum se recolhessem em suas manias de adivinharem os tempos das rimas e das poesias.
Ceflorence     08/03/18    email         cflorence.amabrasil@uol.com.br

quinta-feira, 1 de março de 2018


ARCO ÍRIS E OUTRAS TROVAS
            Por ter-se criado o inexplicável, fruto do acasalamento entre o real e a menopausa, jamais ideológico, portanto, mesmo na ausência de demanda afetiva, formatado para ser de absoluta coerência e lógica existencial, tanto que aflorado foi em prosa e verso entre alguns meandros não esnobes de sabor utópico, com suaves tons de entropia, mas não paranoica. Criado, simplesmente como inexplicável, deu-se compulsivamente a reprocessar a formula abstrata mais convencional e simples, buscando sempre a esperança como meta e sonho. Poderia parecer de início algo sem sentido, mas como sempre o tempo foi mais categórico no processo e solução, como deixou muito claro ele, inexplicável, antes de envolver-se afetivamente com o abstrato e a luxuria. Nesta linha, seu intento sempre fora trabalhar sistematicamente com hipóteses e prognósticos entre o potencial desconhecido do inconsciente coletivo como antítese à informalidade psicológica da taturana antes de medrar-se em libélula. Eram os melhores elementos com que poderia contar na solidão distante em que se encontrava o inexplicável então, por serem poucas as fantasias, muito escassas, mas que necessitaria no contexto, disponíveis somente no único local onde as imaginações se escondiam depois que os menestréis engravidavam os arpejos.
Neste tópico, empreendeu o inexplicável de forma isolada e metódica, como de seu feitio, trabalho persistente pesquisando os fundamentos essenciais para confirmar se as cores do firmamento poderiam ser reutilizadas após resgatadas delicadamente do arco íris disponíveis e em seguida divididas rápida e necessariamente em sons suaves ou se teria de retroceder ao inacabado e contrapor somente tons maiores para enaltecer o encerramento da sinfonia. Pode recorrer a estes procederes desta forma, como autor, pois o método dialético histórico já havia sido testado de forma suficientemente convincente. Assim, o objetivo seria evitar os devaneios, que deveriam se estender compulsivamente naquele espaço estreito entre o nada e perjúrio, para rebrotar em inúmeros arranjos compostos das alegrias entrelaçadas de sete anéis saturnianos de desejos e duas nostalgias, com suaves toques de saudades. Se confirmados, estes manejos robustos seriam fortes aportes para uma implosão enorme e assim consolidar a esperança, produto extremamente carente no cotidiano e, portanto demanda de todos envolvidos naquelas circunstâncias. O processo se deu. Gotículas de arco íris foram tomando cores de saudade e então entremeadas às camadas de sonhos delicadamente espargidas, amoldaram-se à alegria permitida pelas libélulas revoando em protestos aos esquecimentos dos sofrimentos pelos traumas regressivos das formas larvais revoltantes pelas quais foram obrigadas a atravessar.
Em resumo, só assim criaram-se circunstâncias para se solucionar o conflito existencial entre o paradoxo do unicórnio demandando fortuna em vez da felicidade, embora permitindo suas alegres relações homossexuais extrovertidas com o arco íris. Em contrapartida, por esta dicotomia materialista, o inexplicável utilizou o tempo do verbo no gerúndio, o que revoltou sobremaneira os demais envolvidos: a saudades, a esperança, o paradoxo, a nostalgia, a luxúria e a dialética. Todos pediram ao gerúndio tempo paciência, assim as formas se acomodaram em azul depois do retrocesso.   
Ceflorence   14/02/18        email   cflorence.amabrasi@uol.com.br