segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Publiquei um livro pela Editora Labrador cujo os dados seguem abaixo.
Qualquer contato com a Editora poderá ser feito com a Rosangela pelo Tel. 11 3641 7446 - E-mail - adm@editoralabrador.com.br  






https://catavento.livreiros.com.br/produto/romance/ensaios-a-solidao/




segunda-feira, 3 de dezembro de 2018


APOTEOSE EM SUSTENIDO.
Os pássaros enaltecidos, mas derradeiros, vieram se fantasiar de saudades, entre uma réstia azul, um respaldo de crucifixo e o sofrimento sangrando. Era o penúltimo mês antes das procrastinações e das colheitas de sonhos de maio. Portando, as ansiedades ofereceram seus melhores anseios antes que o sol escolhesse as duas melhores sinfonias para o orvalho se deleitar. Eram elas robustas e preferidas para se decomporem em graciosas ansiedades lésbicas antes de se transformarem em devaneios. Delicado, pedi ao infinito, suportado pelo cair da nostalgia, para encantar-me com seus arpejos rebeldes, pois a monotonia do inconsciente iria, sem dúvida, censurar meus desejos. Não sei por que estes fatos só me invadem agora quando as memórias da realidade se embaralham com as tiras de alucinações e prazeres findos. Perguntei-me, sem resposta, se por ser o último dia do outono ou a esperança entrara na menopausa? O firmamento tem estas bipolaridades e os potros preferem se atiçarem entre os cerrados ganhando as serras abruptas às campinas enfeitando os horizontes. Assim tanto se deu, exatamente como o senhor preferiu, pois os poetas, de longe e sorumbáticos, recolheram suas melhores rimas entre as sete luas com que os deuses enfeitaram suas bacanais .
Preferimos, neste jogo insípido, restar em alfa para nossas opiniões não divergiram antes de maturarem. Apesar disto, ela, em sua beleza simples, vestia silêncio, pisava molenga sobre as ambições e prometia desfazer-se do complexo de Édipo ou comprar um vestido decotado. Portanto, solução tomada, acalmei-me às margens da solidão, demorei o quanto pude antes de oferecer um retrocesso ao motorneiro, sem preocupações, mas fumando cigarrilhas petulantes, até eu conseguir escutar as cores caladas brincando de cobra-cega com os gatos eufóricos, escaldados, mas com medo da hora da ave-maria. Mesmo assim o desdobrar suave dos sinos das preces choradas, dos retrocessos sofridos e dos inexplicáveis desvãos da sorte, nos obrigaram a retornar à insuportável realidade. Morte aos devaneios foram determinadas.  
A partir daquele momento os incestos se tornaram bem mais abertos, espontâneos, e as hipóteses mediúnicas ofereceram as únicas atrações para os astros se encontrarem em zodíaco. Entre os aconchegos de dois rés sustenidos e um sol bemol, o parteiro das contradições, esmiuçou o paradoxo, ordenou jogar-se imediatamente a criança fora com a água do banho e passou a amamentar a placenta. A sua tese prosperou dentro dos limites dodecafônicos. A impotência, afetuosa, assim gratificada, debruçou suas primeiras dúvidas solitárias sobre a ejaculação precoce e a penitência. A brisa correu atrás da solidão com o intuito de brincar de tempo e nostalgia, enquanto os sonhos preferiram as ingenuidades das virgens excitadas aos sorrisos dos camafeus impúberes.
O enfermeiro, carinhoso, trancou a porta da minha cela do hospício, perguntou-me se eu havia escovado os silêncios postiços antes de me acarinhar na demência satisfeita, pois as obrigatórias orações, em pé, prefeririam rezar-me de joelhos, antes que o galo azul fosse reconhecido como membro ecumênico da eternidade sonora.
Ceflorence 07/11/18               email    cflorence.amabrasil@uol.com.br