SURREALISTAS ORAÇÕES.
Iniciando
a prática do nosso origançu semanal, como sabemos, que por se celebrar em
irangupi caitam exige toda a fé e assistência de Abu Anda Maicam, mas só quando
aleijadado por pedra batizada com dengo de mulher intempa e apaixonada, assim oremos
aos deuses para iluminarem nossos caminhos. Permitamo-nos neste mutirão de
desejos voltarmos às atenções e louvores em respeito ao absurdo que nos induz a
gloria e a beatificação. E em sendo, ajude-nos o vento dos desaforos e se diferencie
das ondas de Orumá, pois a manjedoura estará sortida das oferendas e das hipocrisias
com que nos alimentamos espiritualmente. Embora estes pontos já estivessem e continuem
perfeitamente claros, abre-se com isto espaço para a ala radical e intransigente,
revoltada com um tropismo singular, propor autonomia dos acabanados de poranga
e de sede gorda, aonde a inveja se acomoda no conforto. Agora, com reverência e
de joelhos, em sintonia para que o destino nos salve para sempre do vazio
inexplicável do óbvio imbecil, imploremos ao terror ameno do raciocínio e do
absurdo, que sempre nos protegeram e nos salvaram das previsões impossíveis,
das certezas absolutas, das ponderações perfeitas e dos estigmas das verdades
consumadas e universais.
.Não
permitam oh! Deuses solenes dos desatinos insondáveis, mas presentes, que os
inconscientes inexplicáveis e nebulosos sejam invadidos covardemente e possam
assim continuar imunes nos estases dos seus mais obscuros recônditos. Que o sol
se ofusque risonho no azul perene, cada vez mais sombrio, para chafurdarmos
livres nos desacertos e nos descaminhos sem luzes do grato assombro, que acalenta
imprevistos Ao final dos tempos, quando ainda houver fôlego para não se deixar
abater pelo convencional, pelo estereotipado e pela rotina, os inhãcantús dos
sinos se dobrarão em sandices formosas para enaltecerem com canções e hinos desafinados
e descontínuos o esplendor do insensato. Isto reafirma que há esperança. Aos
poucos, as acomodações individuais confluem para os horizontes comuns da loucura.
Os mais renitentes se entorpecem ao som inebriante dos sustenidos e procuram o
espontâneo como parceiro para se arrebatarem nas valsas que hipnotizam sensualidade.
O senão chegou ao seu limite da anormalidade
permitindo que se entravalhecessem saborentas fatiadas de formas cristalizadas
para todos. E nem por isto pediu-se permissão com a devida galhofa. Por ser
desejo que os mais envolvidos repousassem no silêncio do nada, abriram-se as
portas das insensatezes para que todos se fartassem da loucura luxúria.
Ceflorence 16/03/17 email
cflorence.amabrasil@uol.com.br