quinta-feira, 16 de junho de 2016

SETE AVENÇAS E UMA SINTONIA
Era circunstancial, embora as buscas interativas e espirituais jamais foram suspensas, pois desde que o pensamento e o raciocínio se mobilizaram entre os viventes, a paz foi delegada a objeto de fantasia e utopia e, em si, quase esquecida e renegada a depósito de frustrações. Mas, apesar disto, afirmou-se sem contestação, que o estreito espaço que se ofereceu a Mancévio das Iltiras, no Vale dos Desapegos, se descolocando dos remotos confins do subjetivo aos estreitos das Ironias, para fomentar uma seita provando que nada progrediria sem equacionar o equilíbrio do absurdo com a psicose da samambaia, ocorreu por período maior do que o desejado. Mesmo com a forte oposição sofrida pelos segmentos refratários, foi fundamental para Mancévio, lastrear seu princípio profético e desinteressado entre os afortunados da chegada do salvador, acompanhado de sete avenças e uma sintonia.
A hipótese, com que trabalhou inicialmente, considerava como material básico, o tempo inacabado, as mutações eternas, as menopausas das lagartixas durante a puberdade e os conflitos necessários para a eternização do insolúvel. Gratificou-se, pois era mais do que suficiente às suas ambições pessoais, jogar pedaços de melancolias desfeitas sobre caldas de sorriso com por de sol. Concluiu que se não progrediu eficientemente, como método de contestação para mudança das ambições coletivas, encontrou suporte robusto na área da poesia livre e da contemporização da angústia. Se afinasse a tese da sinceridade emocional da brandura do por do sol, sem a pressão das avenças insatisfeitas, poderia criar uma figura híbrida de poente com andorinhas voltejando primavera. Mesmo inútil este signo do nada esvoaçando a captura do acaso, sem nenhuma censura, permitiria a alegria das crianças brincarem nestas sombras e era o que, como poeta do absurdo, gratificaria Mancévio.
Para repousar merecidamente, após divagar por período exato de duas inconformidades, três buscas infrutíferas e uma dúvida permanente, não coube mais do que meio sonho, se tanto, mesmo assim despido totalmente de exuberância ou prognóstico, uma faixa fina e insignificante de esperança e um cristal de desejos em busca de afetos anda em período de incubação. Com a modéstia que vestia àquela altura, e principalmente dentro do espirito conformado, contava Mancévio com sobras suficientes de lamúrias conservadas em beijos de virgens excitadas, que preservara para acomodar-se tranquilamente no infinito, até que seus valores fossem reconhecidos. Verificou, no entanto, com o seu corpo cansado, na busca de alternativas outras, contrafeito, não sobrar espaço para as fantasias com que se deliciava nas horas de solidão e com as quais mantinha longas conversas indispensáveis sobre os desejos de previsão dos tempos e a elucidação dos imaginários dos habitantes de Iltírias.
Foram as noites que antecederam as chegadas das lágrimas antes da primavera soltar as primeiras tristezas para aprenderem a devorar os homens.
Ceflorence   09/06/16               email cflorence.amabrasil@uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário