O SER, A
RAZÃO E O DESEJO
Entre o Infinito
e o Eco, há uma zona denominada pelos fiéis de Rosa Delicada, figura miúda e
delicada, extremamente prestimosa, onde o Sonho prefere habitar antes de se
acomodar no Inconsciente e criar as Dúvidas. Isto tudo se justifica relembrar,
com carinho, para nós focados em entremear as incógnitas da Melancolia, para
confirmar a concretude do Nada e o esplendor do Absoluto. O retroceder do Eco, quando
Orcomoi, Criador do Cosmos, estabeleceu o desvão entre a Paranoia e o Equinócio
foi à comprovação de que o Nada habita o infinito, mas ele sempre se esconde
fora de onde o procuramos. Em consequência lançou a Divindade sua imaginação ao
garimpo dos motivos e correlações entre o Paradoxo, Carnificina, Fundamentalismo,
o Nascimento e, inclusive, o Pecado. Segundo ele, elementos indispensáveis aos
Existenciais. Embora inexplicáveis aos mortais, estes valores são partes
relevantes dos dezoito Mistérios e as sete Arrogâncias que compõem o Mundo, a
Sátira e o Caos.
Segundo os Arcávoles da Maucária, o
primeiro clã que se deu a estar na terra, assim se formou o Cosmos, a
Intransigência e o Apetite para justificar a criação do Corpo e da Alma. Orcomoi
formatou seus delírios criativos pela Alquimia Espiritual, altamente subjetiva,
para acompanhá-Lo no abstrato em que produz, reina e atua. Desdobrou, posteriormente,
a partir destes germes primevos, sequências irregulares de alternativas
transmutáveis para glorificar, merecidamente, a Si.
Compôs, após, para justificar sua
existência, todas de Formas, Cores, Objetivos, intrincados entrelaçamentos Quânticos,
elaborou a Fantasia para justificar a Realidade, permitiu-se lapidar com método
as Abstrações, os Absurdos, parte como Imprevisto e outra pela Regência dos Astros
e a relevância da Menopausa para marcar o Tempo. Realizou, obstinadamente, os Ilimitados
complementos existenciais e inexplicáveis dos gêmeos Macro e Micro, a partir do
incomensurável, aos ínfimos, quase inexistentes, Prótons, Nêutrons, Neutrinos, instáveis.
Para tal moldou, a seu prazer e ganância, a Força para impô-la proporcional a
Massa e na Razão inversa à distância. Condensou conjecturas Psicológicas para
justificar a Confusão, Psicanálise, o Canapê e a Inconformidade. Em paralelo instituiu
o Complexo de Édipo, a Quinta Sinfonia, ao configurar sua imaginação artística,
programou metodicamente a Metamorfose, a Bolsa de Valores, o Subterfúgio e o Calote.
Elaborou o Existir, o Permanente, na recíproca o Provisório, a Fé e instalou,
no entremeio, o Indelével só para Si e seus Preferidos. Marcou em cada substância
concreta ou espiritual seu lacre batismal, para que ninguém se esquecesse do
Eterno.
Houve no início, épocas de confrontos
e escaramuças, entre um Vento a Bombordo, presunçoso e hermafrodito, que se
fazia indiferente, e o pensamento Platônico, tanto que Orocomoi, como se
registra, acordou certo Milênio Luz, como preferia arrematar seu tempo e
espaço, inspirado, bocejou satisfeito e procrastinou, sem saber por que, mandar
à Terra, então escolhida por estar na Latitude mais próxima do seu coração, três
entes ainda incipientes de provérbios e motivos para se definirem em Usos, Hábitos
e Conceitos Pragmáticos. Escolheu, ao acaso, o Soberano, na onipotência da sua
autoridade, a Razão, o Ser e o Desejo. Poderia ter optado pelo Sentimento, o Nada
e a Dúvida. Mas ao Supremo não se demanda explicações.
Estava a trindade preferida desfazendo-se
em preguiça saborosa entre outros indefinidos criados pelo Senhor, em recantos alternados
do imaginário sólido do Sobrenatural, autocriado, zanzando pelo Cosmos Celeste,
antes dele autorizar a existência ao Tempo, ao Espaço e por último à Vida para
justificar e elucidar a Magia, a Paranoia e o Contrafeito. A Vida até então
inexistente e só se justificaria para dar provimento a estes entes inferidos
pela Divina vontade se atribuída para as suas ordenanças e malbaratadas
estripulias. Foi para atender apelos do Desejo, da Razão e do Ser que Orocomoi
se deu-Se a criar então a Vida em formas multifacetadas, intrigantes,
conflituosas.
A Razão, como se preferia estar,
apeteceu acompanhar-se a direita dos desconhecidos pelo Cogito, inflexível e
prepotente, para achegar às regiões de confronto, a Terra, lugar de destaque até
então no centro do Inexplicável, antes do Senhor idealizar Galileu para deslocá-la
a um lugarejo medíocre desmerecido, desprestigiado, nos arrabaldes do infinito.
Arrogou-se a Razão o direito de impor, como condição de prestar contas ao Soberano,
a prerrogativa de organizar desde o Abstrato, passando pelo Infinitesimal, a Nanociência,
coabitando ainda com estas esferas o Método, Samambaia, o Recém-Nascido,
Abstinência e a Prostituição.
O Ser preferiu, ao despedir-se do
imaginário de Orocomoi para baixar à Terra, trazer consigo o Indelével, a Epistemologia,
o Devaneio para levantar celeumas, instigar os Motes, encantar o Absurdo e
criar Amor, Ciúmes, o Ódio, Medo e o Olfato. Obediente, não impôs condições ao
Mandante, amealhou a primeira Imprevisão que transitava sem esclerose pelo
além, se fez vestir de Antagonismo e estremou caminhos para o que “seja o que
deus quisesse”.
O Desejo considerou indispensável
portar consigo o Perigo, Ambição, a Utopia e, a reboque, convidar sua oponente
espiritual, a Satisfação, para também florirem nas instâncias que mais as apraziam
e confundirem o imaginário. As coisas divinas não se pautam por sincretismo ou
simbiose, mas somente sob a batuta do inextricável, sem jamais permitir desenhar
a fragrância do Óbvio e da Clareza, que se acomodam suavemente ao lado do Zodíaco,
preferindo sentir o Amanhecer, quando a Ternura não se envolve em atos
libidinosos. Isto fica bem mais explicito quando se escolhe o sabor do Obscuro,
a fragrância da Latitude Boreal e o ensejo da Latitude Austral para demonstrar
como as decisões do Supremo são sempre pautadas por motivos Coerentes e Lógicos.
Estas definições vieram por ordens Soberanas, para surtirem os efeitos
categóricos, plenamente justificados pela forma bucólica em que nasceram os Irmãos
Siameses, o Absoluto e o Nada.
Ao se encontrarem em plagas terrenas
os mandados do Soberano, Desejo, Razão e Ser, se puseram a atuar ora em
conjunto, quando então os ventos se deslocavam da nascente da Dúvida para o
Azul Marinho, e ora separadamente, quando a Sinfonia era Dodecafônica e preferiam
em Sincopados e preceitos Individualistas. Foi desta maneira particular e
isolada que o Ser se implantou como representante da Mitologia, da Evolução da
Espécie e da Divina Comédia. Isto deixou marcas indeléveis na Escolástica e na
procriação hermafrodita. Com isto prosperaram as Religiões Fundamentalistas, o
Pretérito Imperfeito, Organismos Geneticamente Modificados e a Radioatividade.
Sobre estes contingentes criaram-se Sociedades Anônimas, Não Governamentais, Beneficentes,
Esportivas e Terroristas para justificarem e adorarem o Senhor.
A Razão se pôs de imediato, seu
feitio orgânico, a entrecortar sistematicamente o uso da Clonagem, do Sermão, dos
Juros Compostos, Preservativo, Orçamento e das Fakes News. Com isto promulgou indispensável
a necessidade da Política, do Centauro, Religião, Inveja, da Matemática,
Mentira. Foi neste formato que se permitiu elaborar a miscelânea entre Contradição
e Contraditório e promulgar a relação bissexual, preconceituosamente
estigmatizada, entre os meandros de Todavia, Hermenêutica e do Quiçá. Esta é a
história real dos acontecimentos da criação do Conhecido, do Silêncio e do
Porvir, dando origem ao Suposto e a Santa Ceia.
Não há assim dúvida de como se formou
o Universo. Aparentemente seriam assuntos alheios, mas sob a ótica do Criador
não existem intercorrências isoladas no Cosmos, na Mente e na Fantasia. A
criação é Única, Inseparável e Inexplicável. Desta forma a população de
Arcováles da Maucária comprova estes fatos com as pinturas rupestres que
preservam e adoram nas cavernas em que habitam com os mesmos respeitos,
adorações, costumes e valores dos seus antepassados milenares.
Assim profetizou Orocomoi, para dar
respaldo aos seus Delírios – “que se instaure em meu reino o Início e o
Infinito, desde a inexistência do Nada, até os confins do Absoluto e se desfaça
em todo o Caos e se justifique o Eu. Amém”.
Ceflorence
02/08/20 - E-mail carlos.florence@amabrasil.agr.br
Parabéns
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