SALVE O INFINITO E O PADRE NOSSO
Há sete
desejos sumidos e cinco luas findas, mesma fé, sonho não provinha.
Criança
chorava só, leito, mãe desprovia do peito, cão grunhia.
O sol
espreguiçava em sustenido, melancolia dispersada, solta, afronta.
Derriçou o
verbo, derramava chuva, turva, sonho despariu infinitos, sumiço.
Feitiço? Prantos,
chusma de andorinhas, doze sorrisos, grito no escuro, solidão.
Prontidão,
atentas, todas, manias, cartomantes, beatas, rameiras.
Umas santas,
sensatas, outras profanas, vistosas, altaneiras.
Padre Bencó professava
às primeiras, mas demais abençoava, crendoso, castiço.
Tanto sonho
faltado, rua vazia, gente, sandice, sarjetas, sem prosa ou mossa.
Nossa. Fez-se
inverno, veio frio, pediu trégua, passou régua. Estica, aguarda.
Não brota
sonho, é a sina, povo duvida, rio abaixo, mundo acima.
Desavistou azul,
indescortino, gente chora, pintassilgo em muda, descanta, nada.
Desarrumo, aventa
praga, não desdiga do vento, sonho, nada.
Sonho?
Sonho, que és de ti sonho?
Maré cansou
do embalo, o barco saiu sem vela, vela ficou ao tempo.
Restou ao
leu, intrigou, sonho, apogeu, cisma subiu ao céu?
Ronda do mar
calou, Netuno atenta Iemanjá. Sonho afunda. Se dá mais? Jamais.
E por ser
por demais desfeito, se dá dando ao infinito, desassossega, paira, para.
Paira,
espera, arvora, clama o sonha, acanha, some sonho. Estranha hora.
No entanto
um adeus, regaço, solidão, esperança, lira desfeita, sida.
Deserto,
relento, sol, destino, sonho ido, mágoa, morte, não ser.
Caiu o verso,
sumiu o senso, fantasia perdeu-se, era, quebrada, desdeu-se.
Seja feita
sua desfeita aqui na terra como no além. Pois como sonho desfez-se.
Amarga, o
tempo se faz solidão, apavora, desampara, morte. Esgarra. Vez?
Em vez, por ser,
talvez, apetece, acontece, veja, astros revertem. Atrás.
Renasceu
pelo amanhã e se verteu incenso, mirra, cantar e galo.
Afogaram
cismas, penhor, solidão definha. Porém provérbios, amém, vinham.
Renasce,
criança fantasia, mãe aleita, estreita, aquece, sonhama, ama.
É. Só, sonho,
sol, maré desponta, fé viceja, veja, Padre Bencó aflora. Ora.
Beatas,
santas, rameiras, abundam ruas, sarjetas, festejam, sem réguas ou tréguas.
Festejam vícios
e canções, sonhos soltos ao dará, Deus, ocasiões. Transforma, versa.
Morre a
cisma, cresce a rima, verbo, sonho abunda, alegria graça. Euforia.
Canta, rua
acima, mundo abaixo, alucina, traço, proveito, provérbio.
Enfim fim
sós. Só somos só sonhos só!
Ceflorence
29/06/20 E-mail cflorence.amabrasil@uol.com.br
Que beleza!
ResponderExcluirLi em voz alta pra ouvirem e minha voz ficou até bonita.
Flui de forma magnífica, e o fim remetento ao início arremata com carinho.
Grato!