ESPAÇOS EM AZUL E OUTRAS CISMAS
Confirmadas foram em diretas linhas dos oxalás, por
destino e paixão dos astros, que careceria cautela em cada brisa, para chegar
disfarçada, renascendo diariamente na várzea espraiada de onde o Tomuaiacá, rio
das magias e contos vindos dos sertões e das matas dos mistérios, desaguando na
Baia de Acarampó, enfurnava agraciado. Antes da brisa se preparar para subir à
cidade alta, enrolava-se faceira nas areias, refrescava nas águas das vertentes
das marés mansas, brincava maneira em abertas rodas de capoeiras, artimanhas
coloridas das gingadas negaças, rabos-de-arraia, meias-luas, benções, molengas
desfeitas, generosas pausas, atiçava o berimbau em sustenidos às divindades,
mas nos respeitos aos imponderáveis.
Vestida assim de silêncio e dogma, só então a brisa
encravava pelas escadas do frontão, rumo à matriz soberba, se persignava com a
canhota, apesar das contrafeitas das insinuações, enfezava nas diligências,
arrebanhava a imaginação para conferir se não faltava nada para o dia começar a
enlouquecer, suavemente, como era carente para os povos e gentios. Nos
conformes adequados, como rezavam os pescadores, achegados cansados em suas
jangadas embandeiradas, a madrugada só se desfazia depois destas querências
cismadas dos ventos e das brisas, trazidos por eles dos aléns das quebradeiras
das ondas, oferecendo as graças dos netunos e das iemanjás.
Nisto, as providências descarregadas nas praias,
acatavam, derradeiras, as ordenanças dos sinos mascateando suas delicadezas e
encantos nas cismas de alongarem as tarefas pelo cotidiano. Por ser de
prudência merecida, as estrelas foram se acomodando em apropriadas solidões
depois de brincarem de pirilampos com as escuridões, fartadas da noite, exaustas
dos bailados e movimentos nas abundâncias dos firmamentos. Entrecortadas se
deram as providências como as manias se faziam para repetirem as cismas das
igualdades. Dia comum só se daria se os feitiços desacomodassem de suas
preguiças para jogarem destinos e gentes a cata de suas providências.
A catedral refazia as badaladas remarcando os
quartos, as meias e as inteiradas horas, para os fieis se aprontarem para as
orações, mentiras, confissões, fingimentos, comunhões, invocando e provocando
os santos das devoções preferidas, na falta de outros cinismos. Tempos mimosos,
sol já assumindo seus desacordos e calores. Coisas miúdas de vendas nas ofertas
e negócios, ervas curandeiras atravancadas nas calçadas quebradas, prostitutas
a negociar mixes, travestis empolgados, enveredavam pelo átrio para completarem
o dia. Ônibus, carros, pedestres, circulando a cata de destinos.
O chafariz, como era de sua magnitude italiana,
festividade, se empolgou sobre o passeio, desafogou de suas bordas rebuscadas
em rococós e barrocos adventos, desatrelou do patíbulo os melhores anjos e
querubins bailando entremeados em seus afrescos para ensinarem risonhos suas manias
aguadas aos curiosos e aos pássaros carentes de nostalgias e sonhos. O dia se
fez em demências saudáveis e cores ruidosas.
Ceflorence
10/10/17 email cflorence.amabrasil@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário