quinta-feira, 19 de outubro de 2017

ESPAÇOS EM AZUL E OUTRAS CISMAS
Confirmadas foram em diretas linhas dos oxalás, por destino e paixão dos astros, que careceria cautela em cada brisa, para chegar disfarçada, renascendo diariamente na várzea espraiada de onde o Tomuaiacá, rio das magias e contos vindos dos sertões e das matas dos mistérios, desaguando na Baia de Acarampó, enfurnava agraciado. Antes da brisa se preparar para subir à cidade alta, enrolava-se faceira nas areias, refrescava nas águas das vertentes das marés mansas, brincava maneira em abertas rodas de capoeiras, artimanhas coloridas das gingadas negaças, rabos-de-arraia, meias-luas, benções, molengas desfeitas, generosas pausas, atiçava o berimbau em sustenidos às divindades, mas nos respeitos aos imponderáveis.
Vestida assim de silêncio e dogma, só então a brisa encravava pelas escadas do frontão, rumo à matriz soberba, se persignava com a canhota, apesar das contrafeitas das insinuações, enfezava nas diligências, arrebanhava a imaginação para conferir se não faltava nada para o dia começar a enlouquecer, suavemente, como era carente para os povos e gentios. Nos conformes adequados, como rezavam os pescadores, achegados cansados em suas jangadas embandeiradas, a madrugada só se desfazia depois destas querências cismadas dos ventos e das brisas, trazidos por eles dos aléns das quebradeiras das ondas, oferecendo as graças dos netunos e das iemanjás.
Nisto, as providências descarregadas nas praias, acatavam, derradeiras, as ordenanças dos sinos mascateando suas delicadezas e encantos nas cismas de alongarem as tarefas pelo cotidiano. Por ser de prudência merecida, as estrelas foram se acomodando em apropriadas solidões depois de brincarem de pirilampos com as escuridões, fartadas da noite, exaustas dos bailados e movimentos nas abundâncias dos firmamentos. Entrecortadas se deram as providências como as manias se faziam para repetirem as cismas das igualdades. Dia comum só se daria se os feitiços desacomodassem de suas preguiças para jogarem destinos e gentes a cata de suas providências.
A catedral refazia as badaladas remarcando os quartos, as meias e as inteiradas horas, para os fieis se aprontarem para as orações, mentiras, confissões, fingimentos, comunhões, invocando e provocando os santos das devoções preferidas, na falta de outros cinismos. Tempos mimosos, sol já assumindo seus desacordos e calores. Coisas miúdas de vendas nas ofertas e negócios, ervas curandeiras atravancadas nas calçadas quebradas, prostitutas a negociar mixes, travestis empolgados, enveredavam pelo átrio para completarem o dia. Ônibus, carros, pedestres, circulando a cata de destinos. 
O chafariz, como era de sua magnitude italiana, festividade, se empolgou sobre o passeio, desafogou de suas bordas rebuscadas em rococós e barrocos adventos, desatrelou do patíbulo os melhores anjos e querubins bailando entremeados em seus afrescos para ensinarem risonhos suas manias aguadas aos curiosos e aos pássaros carentes de nostalgias e sonhos. O dia se fez em demências saudáveis e cores ruidosas.
Ceflorence       10/10/17         email   cflorence.amabrasil@uol.com.br

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