quinta-feira, 14 de setembro de 2017

LAVRADIOS DOS ANSEIOS E TRISTURAS.
Enquanto o desassombro revia seus comezinhos urdindo tramas para continuar o dilema de preparar infâmias outras, desatinos da vida para não desnortear do poente, a lua ainda no embalo do seu destino de ser para o será, ajustava providências para o sucateiro exausto achegar. E estas tantas providências nada mais foram do que separar as tarefas das caladas das safras entre o dia e a noite e, portanto, resolvido este impasse, os astros acompanharam Cadinho Prouco, descamisado, tisnar com carvão, ódio e respeito a linha das magias, aléns juramentados. Traçou caprichoso, Cadinho, ao pé do frontão enorme do mosteiro gótico, prestimoso na querência de agatanhar o céu, semicírculo sinuoso, místico, para proteção dos ventos, dos vivos, frios, mortos, da polícia, calor, da maldade, sacristão, da puta que o pariu. Ao encarvoejar abnegado o chão descarregava os encarnados dos desmandos, torpezas e das sanhas para fora dos seus domínios. Neste assim, com o simples carvão cravado, defendia-se Cadinho das agruras, doenças, das lutas. Era o que lhe cabia nas águas que bebeu das preces da mãe, sertanejados tempos, que trazia no sangue as oitivas dos orixás, dos deuses, das sabedorias e ordenou ela, nas despedidas finais, a Cadinho nunca dormir sem enfezar os chãos e as almas com os carvões consagrados.   
O debuxo atiçou fundo nas texturas e demarcadas ficaram nos grilhões os limites das posses encarvoadas. O aviso para os infinitos, para os vivos e para os falecidos era o nefasto-nefando, seu e só seu só do seu latifúndio de solidão, só, da sua loucura-sadia, só, da sua desesperança-esperança, do seu inferno-celeste, do receio-corajoso, do seu imponderável-previsível, só. Confirmara-se ali o espaço ilimitado grilado das fatias de rancor desprezadas, da fadiga agônica, domínio do intangível, do inalcançável. Os invasores das terras, dos aléns, dos sonhos, abstratos, das insanidades e das ânsias respeitavam e acatavam os frontais tisnados de Cadinho. O tempo e o espaço se dividiam entre a labuta dos arrastos sofridos das cargas intermináveis pelas ruas infernais e se findavam nas bocas das noites, depois de delineadas as divisas mágicas encarvoadas como posses suas, aos pés dos sinos divinos da igreja. Era a magia do nada na alucinação do vazio pelo poder do irreal, que se estabelecia, se instaurava, se tornava concreto, inabalável, tão só cinzelado pelo delírio e pelo imaginário do catador de dores e papelões descartados. Neste império os mortos afetuosos enlambuzavam suas solidões, os vivos fugiam ameaçados, as almas acalantavam afetuosas. Era por ali dos encarvoados encrustados a sete barrocas de sofrimentos que retornava ele aos seus Oitões, terra acarinhada e saudosa dos sertões ressecados, das catingas, da passarinhada, onde fora parido para a vida e de onde fugira abortara aos destinos das danações pelas secas.
E ajustou como domínio de fé indiscutível, descendo as ordenações das posses, perpendiculares dos benditos telhados abençoados desde as torres tristes da matriz, serpenteando chão frio e lambuzado da confiança no destino, apossado tudo ficou.
Ceflorence     04/09/17         email   cflorence.amabrasil@uol.com.br

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