INADVERTÊNCIAS E OUTRAS
PARANOIAS.
Happy
Hour: encontro anual para estase entropia mental, isolado canto, bar vazio,
abandonados de si, afogam as mágoas, um centauro, com problemas de controle
motor nas pernas, embolando-as descoordenadamente para se acomodarem. Um Bozom
de Higgs em período de autoafirmação e, por último, o médium estressado.
O centauro
oferece vinho tinto, grego, seco, safra especial da região da Tessália. Bozon
de Higgs exige destilado escocês, que lhe atenua as saudades de suas montanhas,
onde os frios brincam de imaginação. O médium ordena cachaça armazenada em
timburana, que atiça seus conflitos e dúvidas impostos pelo espírito volúvel do
médico alemão, temperamental, que nele se encarna.
- Por
que, conforme coloca com propriedade o acabrunhado centauro, Zeus, na sua vaidade
e pretensão, abandonou posição confortável no Olimpo, se envolveu afetivamente
com outras divindades secundárias, denigriu-se com afetos abertos aos humanos,
com os quais lhe caberia, no mínimo, dar a distância funcional de sua dignidade
de criador do universo? Estes imbróglios todos levaram a um total caos à pureza
da religião tradicional e ao respeito às divindades consagradas por duras lutas
durante tantos anos de ofertórios sinceros e milagres retribuídos.
-Talvez
não possamos culpar unicamente Zeus, afirmou o médium, alcoolizado. No entanto,
por estes jogos confusos em que se meteu o criador, relegou o Olimpo a nada
mais nada do que um palco medíocre, circense, de figuras mitológicas
desprezíveis. Nesta história os homens
se lambuzaram ao sabor e conveniência das delinquências espirituais, saíram ao
mundo tentando aniquilar crenças e, como não foram bem sucedidos em acabar com
a criação, liquidaram o criador.
Higgs,
com aquela ânsia das dúvidas e que só o futuro conhece enquanto cozinha o
desconhecido, ponderou que sua situação era caótica. Queriam encontra-lo ou
trucida-lo de qualquer forma. O centauro foi, colocou Bozon, mitologicamente
idolatrado antes de ser desconsiderado. Mas para ele, Higgs, os sábios
construíram um altar, Acelerador de Partículas, de altíssima complexidade
física e espiritual, para confirmar se ele fluiria por todo o universo, sem
energia e sem massa, intercalando-se pelos corpos e mentes, não deixando marcas
sensíveis, como o amor e o ódio o fazem.
-Por
Zeus, Senhor! Antigamente endeusaram meu antepassado, o éter, antes de
trucida-lo. Oh meu bom Einstein, que o diga e me proteja. Assim eu, Higgs, sou a
próxima vítima para ser validada ou estigmatizada.
O médium
transtornado pondera que os parceiros eram figuras estabelecidas só pelos
externos e se organizariam, concretos ou fantasiados, pelos distúrbios humanos.
Ele não; vivia inconsciente, na dúvida, se seria um louco que inventara um
alemão desatinado ou se existiria um alemão desatinado, louco, morto, que lhe
torturava com os indefinidos das suas imprevisões ao encarná-lo.
A
demência ofereceu paradoxos embebidos em insensatez ao crepúsculo.
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