quarta-feira, 12 de julho de 2017

AH BÃO
Ihhh! Deixa acordar o sol, por trás da capineira, embaixo do ninho da maritaca, antes que ele se esqueça de bocejar. E lá vem preguiça namoradeira de domingo sem sol, derramando conversa boba de pinga farta, na véspera, viola ranzinza, e lopração de satanás que andou com meia-furada. Abstinência do pé nosso de cada dia em estrada encontra eu, muito por ventura, Juca Comprido, a cata de Rosinha do Sonho, que o destino alongou.
E ponha sentido no gozo das fantasias livres como andorinha a cata de viver. Manga espada madura sorrindo na ponta do galho, esperando ser comida, igualzinho os recheios de Rosinha. Oh! Diabo de estrada comprida que plantou Rosinha assim tão na outra ponta, tão longe dos proveitos das serventias e a mão do disponível para as necessidades. Isto é destino sem consciência e quer atrapalhar desarrogâncias de quem tem compromisso e gosta de cumprir, pois.   
Ah! Bando de tuins alegres, formosuras e natureza. Quem inventou a passarada viu Rosinha prosando com as moças muitas, das belezas sim, que falavam assim, ao mesmo tempo então, a conversa solta de cada uma por si, sem satisfação de resposta inútil, pois o que contava era a água farta da corredeira, o sol perene e o amor do beijo do fim da tarde iniciando os atrativos das atrações.
O bom destas léguas é esta conversa que desafoga o comigo mesmo, mais de dentro do eu do que sonho que a gente finge que esconde. Corre sem destino ou carência de responsabilidade ou juízo, nem melindra, nem deixa cicatriz, mas apetece a boca cheia de dúvida como pitanga madura colhida com os lábios espertos e semeados na garganta de Rosinha. Quem sabe mesmo é só o disfarçado do futuro escuro, que se finge de sonso, mas que daí não interessa mais, pois virou passado e passado já queimou na alegria ou virou cinza e saudade. A semana passada aquela juritizinha estava ainda chocando quieta como perfume de azaleia. Fingia que era muda, pois o mundo gato, gavião e roubalheiro queria tudo que ela tinha. Agora exibe os biquinhos afoitos dos filhotes esfomeados piando alto pelo inseto de cada dia.
Domingo pede preguiça rezadeira, perfume de água de cheiro e botina nova. Pé na estrada, mas também assobiar ajuda o fôlego. Não sei por que, mas deve ser porque espanta os maus olhados.  Não há vez que passe no oitão da curva grande que não veja Rosinha despencando nos meus quereres das intimidades e conformes, sem nenhum respeito, se atirando de beijo e camomila até que o mundo se acabe para os dois nós, nos carinhos que ninguém ensinou. Falta pouco. Vamos prosperando os desconformes. Um pedaço de peito se estilhaça no porvir carente do muito com que se conta. De longe a fantasia vai se tornando realidade e o mundo pode começar a querer se acabar, pois uma légua de sorriso de Rosinha já virou futuro.
E sem saber por que o domingo se acaba em alegria do esperando que ele se torne passado e que o próximo traga de volta todos os sonhos da minha Rosinha.

Ceflorence        28/06/17           email  cflorence.amabrsil@uol.com.br

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