sexta-feira, 23 de setembro de 2016

CAIS DOS SONHOS E DEVANEIOS.

As melhores fontes, sempre, que jamais deixei fugir, foram encontradas nas grafias rupestres dos antigos Oncártigos. Estes, graças às suas inspirações milenares, dividiam as origens, as previsões e as sínteses dos sonhos em duas melodias, jônica e dória, três infinitos e seis metáforas. Dos incônscios destes entrelaçados manejos, destaquei, propositalmente, os sonhos mais confusos e, portanto, os mais saborosos para temperança das desovas e dos delírios, que brotam das divagações. A fissura invisível entre o crânio e a alma era o único intervalo estreito por onde ousaria lapidar o raciocínio sem ferir a emoção. Não pairava dúvida operacional. Os Oncártigos eram rigorosos e perfeccionistas nestes pontos e sob esta métrica ofereciam o local exato para cruzar, com sutileza e habilidade, o intervalo meticuloso, deixando o devaneio seguro de suas ambições e o delírio satisfeito em seus propósitos. Não havia opção mais elegante nas circunstâncias. Intuí: a destreza afinaria amasiada neste detalhe.
Na mesma contingência aproveitei o furta-cor onírico, mais ousado, afastado longe de lógica convencional e lerdo de explicação cabível, pois o labirinto se engalfinhou indefinido à minha frente perdida. Esta euforia, um paradoxo coerente de satanismo divino, grafada sobre a textura invisível ao apagar de luzes, inconclusas em desfecho, configurava-se infalível para obtenção do nada, por onde andarilhavam os melhores delírios. O nada é solução fatal para embaralhar os sonhos e cambiá-los por frenesis. Por sonhado, então, sido tendo, se dera explícito que esta matéria rugosa, o nada, flexível, esparramada em brumosos musgos instáveis, não deixaria jamais fugir pelas frestas finas as indefinições e as insânias, como havia pretendido.
A incerteza foi se arrogando entre metamorfoses, confirmando a presença do pensamento alterado, da demência virgem e do pedaço de azul arrastado pelas paredes intransponíveis, com intenção de me dificultar o sonho. Os dementes carinhosos me aguardavam do outro lado da fantasia, para nos confraternizarmos. Idílico, por metodologia, um odor de alucinação apoiado em um equilíbrio instável, suave, galgou as cores mais floridas. Achegou-se o devaneio, tão florido quanto, suportado em seus entraves vermelhos pelo poente e opondo duas jiboias entrelaçadas, amorosas, sobre o destino, sem plausibilidade à maré jusante. A trilogia clareara na composição do infinito. Estes sonhos, por sabido, se arrastavam indefinidos entre o invisível e a loucura, amadurecendo apetitosos como brotoejas de invejas e se esparramavam como orgasmo da solidão. Nada mais robusto para o delírio brotar.
O infinito se ajustou ao ruído do silêncio. Da praia surgiu o potro branco se oferecendo ofegante para espargir paixões e desembestar sonhos meus sobre as revoltas das ondas brancas. Implorei ao infinito para alucinar-me ejaculando delírio.

Ceflorence     13/09/16           email    cflorence.amabrasil@uol.com.br

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