quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

EQUILÍBRIO DO CÁOS
No ali,...lá na Praça da Matriz, que da Sé dá-se conta e chama, pelos que vindo ou indo, juntos os juntados dos desamparos, acegados, alienantes, talvez soberbos ou tempestivos, mor das vezes fugindo de si, curso longo sendo, tentando vida, vãmente, mas! Vida se faz fazendo, (Versículo dois - Capítulo. sexto - Despautérios). Praça, por toda, vende-se, compra-se, escamba-se, farturasmuitas: mentira, cinismo, pipoca, doido, vitupério, chororriso, saltimbanco, aleijado, violeiro, milho-verde, velho-livro, sermãobravata, bíbliasessocadas, demônio-convertido, maconha, reza, trombadinha, chárelixir-debaldes-santas curas. E no porvir, para a-tentando ser, milagres defumados, maus-olhados, quebrantos, abortos.    
Remontam nos tabuleiros, eternos, em Sé, praça da, pelos ditos, por quilo ou porção, tramoia, bilhete da sorte, sonho, jogo do bicho. Encerrando, solfejados “in alegro”, encantam e assuntam os abnegados gigolôs e as cativantes e cativadas putas, manobrando os afetos-tapas-trapaças. Menestréis, gonorreias, assistentes sociais saboreiam requintes   da prostitutas, proxenetas. No beco das fantasias-fantasmas empina-se faceiralivre a ervafumo. Polícia, treinada no superlativo do nada, afina-se às igualdades sociais religiosamente escravizadas. Vício, vosso, aliviavida.
Do milho-verde, na boca do lixo e do luxo, joga-se a palha ao léu, a esmo, sobrada, espatifa-se, esmigalhada. Sobe ela, rampeira, burilada, palha espalhada, pulha, aventa-se atada às solas sapateadas, galga, intrometida, altiva às escadas; catedral, majestade gótica. A palha espelha pulha, sem fé, pilha e afronta, todos crentes e, juntos, impregnam o silêncio. Pedem, pedintes, nortes aos santos flechados, desnudos, lacrimados. Encantam-se, pobres pedintes, nas velas, nos véus, nos votos. Devoto – “paciência paciente - fé”. O gótico abduz infinito, quietude, solidão; o dízimo planta, res do chão, para a angústia dispor, indispor e o desespero esperançar credo,...creia, se chover, colhe.
O sino, pontual, metódico, insinuante, clama, atribula. A vida, em se fazendo, faz raspar do chão, em torno, Profato Ceará, jornais, restos todos achados, no saco de estopa, patrimônio único seu de muitas léguas, ligas, anos, brigas. E ele, enquanto se acorda, inteira-se das aberrações acasaladas dos iguais, mendigos parceiros, se em tornando revoltos ao inusitado, ao absurdo, ao talvez,... quem sabe, mais um dia! Sofrimento? O recanto é o canto sombrio-mórbido entre a árvore grossagrande e, do metrô, a parede. As pombas conhecem bem, desencanto, canto da miséria, aonde petiscam restos dos restos, maus sobrados, caminho do além, ali jaz o purgatório.  O céu, o gótico arrastou para o inalcançável da catedral. O inferno é junto, boca do futuro, ilusão, não se sabe, só existe se...só; Sé! O purgatório não, o purgatório vicejou ali, no exato da guarida do nada, enquanto pútrida espreita a vida, sem acalanto, a morte.
Profato joga o aconchego da estopa entre o fantasma do tédio e o sorriso do dente único de Pépodre. Cavoca sente o acariciar do cheiro da solidão, deixa o fantasma do tédio de Profato beijar-lhe a boca forrada de angústia e sabe: se não beber a remela do terror o estupra: alucinação, delírio. O afeto da repulsa, mendicantes, atrai um, demais veem. Dos seis bêbados do purgatório, pelas pombas, dito, salvo Graveto Magro, o levou a polícia, suando, febre, para remediar a tísica, tuberculose feia, tostões contados, dos cinco restados, das algibeiras parcas porcas, para a primeira garrafa, nem dão. Ajuntostões, meia garrafa, se tanto. O sol arde, o tempo vem, a solução entranha estranha. Pará vai urinar e trás na boca resto de milho que senhorafina desdenhou no lixo ao entrar na missa. Reparte espiga, com olhados olhando esfomeados, enquanto a polícia sova, liberta em pronto, trombadinha. O sino persiste: reza das dez se faz em introito.
Pépodre caducou de ser criança e memora que a fome o tirou da seca e o atirou no nada. Mas o destino, subterfúgio dos despropósitos, nos confrontos dos depois, lhe ofereceu gangrena no pé, podre, Pépodre ficou de nome, para se desapiedar da alma e remediar o corpo. Na escada da igreja, saídas, oradas feitas, crentes vários, pé aberto, roxo, pé podre expondo, gangrena alvissareira de sorridente. Pépodre, sem petulância, voz macia, desprega mais de garrafa, em curto, sem sofrer espasmo.       
Noite: pombas registram: Profato sorriu, na estopa, abraçado ao fantasma. Pará repartiu milho. Pépodre esmolou, mas Cavoca comprou pinga. Graveto tísico morreu magro. Trombadinha descolou baseado. Putas e gigolôs amar-rolaram angústias? Sim. Arrulham pombas, agraciadas às desarmonias do equilíbrio caótico. Sé, sino, solidão. Assas!
Ceflorence   10/01/16       emai  cflorence. amabrasil@uol.com.br

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