EMTEMPODEMIA DE CORRUPTELA
Doces migalhas e silêncio, ensurdeciam.
Mastigava valsa, falsete, mania.
Vida seguia sonsa, sina, em roda, encima.
Cobriam, os telhados, as casas, as mágoas, águas.
A vila amedrontava-se de em se o tempo não chegasse ou que
viesse.
Amarrava-se o paradoxo no abacateiro para alimentar a
desconfiança.
Por estar primavera chorava uma garoa triste, modorrenta.
Ao se fazer, fazia, assobiei tico-tico como bolero, mão no
bolso.
Subi pela solidão, pelos indefinidos, pelos pensamentos, por
mim.
Os caibros velhos dos forros escutaram meu avô, a mim, meu
pai, a mais.
Por se darem tempos amortecidos de sinas, melodias ali morriam.
Sendo sino marcava que o depois iria chegar atrasado
pontualmente.
Não tinha o que fazer agora e depois repetiria a tarefa.
Um de cada e eu tiramos a preguiça do jacá da nostalgia.
Era-se mesmo assim espontâneo e serviçal para acalantar o
nada.
O pássaro preto subiu pelo pretérito para enxergar o futuro.
Trazia o porvir um igual sendo, um certo receio com sabor de
jatevi.
Se colocou a esperança à janela para imitar que chegaria.
As arvores sumiam pelas ruas, vielas, vias, para quem as
via.
Lembrei do colo da mãe, chorei, sonhei, sorri.
Ajustei minhas rotinas, pedi o cigarro barato.
Os vinténs se puseram enfumaçados, ordinários.
Urinou o poste apagado no cachorro e a menina surgiu.
Viu, se pôs a rir, mais sete passos, mundo seu, seguiu.
Não devia nada a ninguém ou pediu, pisou no seu desaparecer.
Nada mudava antes d’eu ordenar à tristeza ou ao azul.
Sábado, cada brisa trazia melancolia e se debruçava no
ausente.
As janelas escutavam a imaginação, o sol, as mentiras para
serem tomados com café.
Lavei os trapos, apaguei a vela, chorei no leite derramado,
dormi um infinito miúdo.
Ceflorence São Paulo
29/10/20 e-mail carlos.florence@amabrasil.agr.br
Beleza Florence,
ResponderExcluirIluminado sempre vai brilhar.
Parabéns mais uma vez.
Muito bom Dr. Foi um prazer enorme curtir tão belas e de rara inteligência suas palavras
ResponderExcluir