LAPSOS DE SOLIDÃO.
Só
poderia sonhar em melodias outonais, mimosas solidões, provérbios. Era Alia em
si e deus ouvia. Curtas premonições das cores e dos ensaios acalentavam as brisas
antes de serem desfalcadas de suas mercês. Procedente, excitadas pelas palmas e
sorrisos arrecadados entre as mais carentes fantasias, considerou-se correta a ordenação
introdutória à tarde acabrunhada, disfarçada de bemol, sem afirmar sequer se a representação
da tristura estaria disponível. Alia sorveu o retorno do nada oferecendo
mesuras. Os timbres das cigarras embalavam as ameixeiras, engravidadas pelas euforias
dos zangões, antes de amadurecerem nos caules mais altos mordiscando sete nostalgias
e duas luas preparadas emocionalmente para distorcerem a realidade. Se fosse dado
a Alia e por quem transitasse em sentido inverso memorar, mesmo desconsiderando
o carinho dos extravagantes verbos sedentários, acompanhando meticulosamente as
metamorfoses das delicadas mariposas, não intuiria os arroubos da sedução da
gravidade excitando à maré montante e as delicadezas das melancolias bolinando
mesuras sobre as águas prenhas de poesias.
Os dois
escribas salvos pelos saltimbancos atravessando o vau estreito do rio dolente, pescando
fantasias ocasionais para serem abandonadas às margens longas, foram contundentes
em seus arremates. Compenetrados, não deixaram escapar, os escribas, o menor
traço em registros seus de que quando as considerações aconchegaram aos umbrais
dos telhados inteligentes, consultando as dúvidas, as calçadas indecisas se
permitiram atravessar algumas chuvas intrigantes e sensuais. As pedras das
calçadas envaidecidas, umedecidas, se amoleceram com os beijos de deus atentando,
calmo, a direção indicada pelas andorinhas libertinas. O sino ludibriou o
silêncio permitindo que Alia D’El Lípia se despisse em ré maior enquanto entorpecia
imaginários orgasmos. Tempo posto, o poeta desmanchou pequenas ternuras tramadas
de flores dolentes com contrapontos de sigilos, melodiando as pétalas sorridentes
entre os seios miúdos e a imaginação desfraldada de Alia no intuito único de
corromper a rotina e mistificar o desconhecido. Os imponderáveis mágicos, consagrados
e melancólicos, oferecidos aos imprudentes mais achegados à entronização das
fantasias eróticas do poeta Maistrosk, entrelaçadas às profecias azuis
extraídas dos sonhos de Alia, não foram germinados na evocação da solitude.
Final
em escalas dodecafônicas, período de procria das amenas estrelas, tanto deu-se
assim, pois Alia passou a conflitar com sua angústia preferida, espreitando de
soslaio o melancólico pé esquerdo fixar-se convicto na intenção proposital de
desestimular uma metáfora indecisa a substituir distraídos versos seus,
alexandrinos, por uma psicanálise freudiana. Na dúvida, sem o menor remorso, os
artelhos canhotos do pé eufórico, adentrando poéticas terras com suas radicelas
mimosas, concisas, concederam ao infinito, desmedindo delicados gestos espontâneos,
a excitação carnal para arborizar Alia em todo o esplendor da solidão eterna,
sensual, ordenando-lhe florescer sonhos, graças. Desejos, luzes espreitavam
entre as desforras.
Ceflorence 23/03/17 e-mail
cflorence.amabrasiluol.com.br
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