sexta-feira, 12 de agosto de 2016

AGNÓSTICOS, TEMPERANÇAS E PROFECIAS.
A clave da crueldade e da angústia, no cenário deste universo astral impingido aos desventurados, pensantes e viventes é o futuro. Os deuses sanguíneos utilizam estrategicamente esta artimanha diabólica, o futuro, para aniquilação dos propósitos e a escondem, envolvida tão logo despertam todos os dias, antes de apaga-la em labirintos funestos, às noites, nas placentas dos disparates e a jogam com ironia e deboche sobre as águas confusas do mar revolto das incógnitas do porvir, de onde a mera tentativa de retorno é fatal. O passado, que as deidades invocam como rebotalhos e ironias depreciadas, pois cada um interpreta a seu sabor, distorce como lhe aprouver, passa despercebido, salvo para justificar, sempre erroneamente, o que virá e como não pode mudar o que foi ninguém engravida de grandes sentimentos ou preocupações dos decorridos e sidos. Estas são as leis litografadas nas tumbas dos sábios do Conselho do Deserto de Jofarar, aonde a humanidade aflorou e de onde se esparrinhou por todos os azuis, pelos desabridos e entre os inexplicáveis. Em sete, de cada centena de imprevistos e místicos ritmos de quebra do silêncio do futuro, reinício dos despautérios, há a revisão dos valores pelo demiurgo da Centésima Constelação de Hópion. É esta a constelação espiritual de nossa pousada deste ciclo sideral. Quando criava e mapeava os caminhos das mentiras e dos impossíveis, utilizou-os, o demiurgo, no futuro para camuflar o porvir e assim obter a certeza de que os seres vivos jamais deixariam de consulta-lo sistematicamente em adorações perpétuas. Complementando o imbróglio, entrelaçou uma cláusula de paradoxos composta por três elementos básicos e vinte e seis decomposições destes.
Os básicos, a se entrelaçarem para rompimento do silêncio futuro, se compunham de dois desejos amadurecidos em fantasias, um único dissonante pedaço graúdo de ciúmes, com odor amargo extraído do sabor do ranço de camela menstruada e, terceiro e último, incontáveis pequenas pitadas de inveja, ornadas, diariamente, com flores das colinas dos Enviões, mas regadas com indisfarçáveis cinismos. A treva das incógnitas de tormento do porvir, o assanho da humanidade, se amparam nesta tríade de abstinência ao previsível, além das vinte e seis decomposições pertinentes, conforme o criador deflagrou ao separar o azul do contingente, o som do breu, o amor da alcachofra e, mais importante, a raiva do suspensório. Sem estes fatores fundamentais confirmados pela astrologia Vérnia, mascaradas de verdades perambulantes entre os crentes, o futuro seria uma repetição do passado, a vida se tornaria uma rotina insuportável e os milagres varejados não poderiam ser incentivados. As alienações espirituais redentoristas se furtariam e as tragédias deslumbradas antecipadamente seriam comercializadas a preço das drogas nos mercados paralelos ou do valor da usura e agiotagem.
Os sábios do Deserto de Jofarar, há milênios, prognosticaram que os fins das previsões camufladas se sanariam quando a humanidade passasse a idolatrar o absurdo, o imprevisto e o paradoxo, componentes do futuro silencioso.
Ceflorence    01/08/16        email  cflorence.amabasil@uol.com.br          

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