AGNÓSTICOS, TEMPERANÇAS
E PROFECIAS.
A clave
da crueldade e da angústia, no cenário deste universo astral impingido aos desventurados,
pensantes e viventes é o futuro. Os deuses sanguíneos utilizam estrategicamente
esta artimanha diabólica, o futuro, para aniquilação dos propósitos e a escondem,
envolvida tão logo despertam todos os dias, antes de apaga-la em labirintos
funestos, às noites, nas placentas dos disparates e a jogam com ironia e
deboche sobre as águas confusas do mar revolto das incógnitas do porvir, de
onde a mera tentativa de retorno é fatal. O passado, que as deidades invocam como
rebotalhos e ironias depreciadas, pois cada um interpreta a seu sabor, distorce
como lhe aprouver, passa despercebido, salvo para justificar, sempre
erroneamente, o que virá e como não pode mudar o que foi ninguém engravida de
grandes sentimentos ou preocupações dos decorridos e sidos. Estas são as leis litografadas
nas tumbas dos sábios do Conselho do Deserto de Jofarar, aonde a humanidade
aflorou e de onde se esparrinhou por todos os azuis, pelos desabridos e entre
os inexplicáveis. Em sete, de cada centena de imprevistos e místicos ritmos de
quebra do silêncio do futuro, reinício dos despautérios, há a revisão dos
valores pelo demiurgo da Centésima Constelação de Hópion. É esta a constelação
espiritual de nossa pousada deste ciclo sideral. Quando criava e mapeava os caminhos
das mentiras e dos impossíveis, utilizou-os, o demiurgo, no futuro para
camuflar o porvir e assim obter a certeza de que os seres vivos jamais deixariam
de consulta-lo sistematicamente em adorações perpétuas. Complementando o
imbróglio, entrelaçou uma cláusula de paradoxos composta por três elementos
básicos e vinte e seis decomposições destes.
Os
básicos, a se entrelaçarem para rompimento do silêncio futuro, se compunham de
dois desejos amadurecidos em fantasias, um único dissonante pedaço graúdo de
ciúmes, com odor amargo extraído do sabor do ranço de camela menstruada e,
terceiro e último, incontáveis pequenas pitadas de inveja, ornadas, diariamente,
com flores das colinas dos Enviões, mas regadas com indisfarçáveis cinismos. A
treva das incógnitas de tormento do porvir, o assanho da humanidade, se amparam
nesta tríade de abstinência ao previsível, além das vinte e seis decomposições
pertinentes, conforme o criador deflagrou ao separar o azul do contingente, o
som do breu, o amor da alcachofra e, mais importante, a raiva do suspensório. Sem
estes fatores fundamentais confirmados pela astrologia Vérnia, mascaradas de verdades
perambulantes entre os crentes, o futuro seria uma repetição do passado, a vida
se tornaria uma rotina insuportável e os milagres varejados não poderiam ser
incentivados. As alienações espirituais redentoristas se furtariam e as
tragédias deslumbradas antecipadamente seriam comercializadas a preço das
drogas nos mercados paralelos ou do valor da usura e agiotagem.
Os
sábios do Deserto de Jofarar, há milênios, prognosticaram que os fins das previsões
camufladas se sanariam quando a humanidade passasse a idolatrar o absurdo, o imprevisto
e o paradoxo, componentes do futuro silencioso.
Ceflorence 01/08/16 email
cflorence.amabasil@uol.com.br
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