quarta-feira, 18 de julho de 2018


ENSAIOS EM SUSTENIDOS
            Domingo de devaneio, pois em azul me apanhei indefinido entremeado em anseios estranhos à procura dos meus infinitos margeando as solidões. Constatei, em sustenidos, que seriam sete as luas infantis se escondendo entre melancolias, mas brincando de barra manteiga. Ao lado corriam as fantasias à procura de almas singelas para fazerem-se sonhos. Procedia. A demência era doce e as gotas suaves da garoa escondiam os desejos. Senti a tropa de potros bravios galopando sobre minhas cismas e conflitos. Coisas das artimanhas para que os homens se sintam perdidos, insatisfeitos e domados entre angústias. Os meandros por onde se gratificavam as luas novas deixavam o burburinho das suas querências se esparramarem pelos azuis mais descontraídos. Procurei deixar os pensamentos soltos, se portarem travessos, antes de se esconderem entre as nuvens andejas viajando do horizonte até se esconderem em um ponto neutro do além. Caminhei sobre meu inconsciente mais robusto sem defini-lo. Coisas dos deuses e das ninfas que não são afetados pelo raciocínio intransigente dos que não conseguem enlouquecer mansos para alegrarem-se nos próprios devaneios. Sabia bem e imprudente o aroma de ilusão que tentava escalar pelos sentimentos presos aos infinitos como musgos envelhecidos.
Não era sequer poesia ou sonho, mas os versos soltos não encontravam suas rimas, embora tivessem sabor estranho de nevoa ou de melancolia. Na dúvida calei apaziguado pelo vazio e detive-me a cismar se os sonhos que procurava estariam escondidos entre as rosas ou se disfarçariam de provérbios. Um desconhecido velho ancião atravessou meus versos pobres, montado sobre suas imagens singelas arrastando duas angústias miúdas à procura do silêncio e cuspiu em minhas pretensões. Enquanto cavalgo estes devaneios, as andorinhas sequer se preocupam com minhas doces fugas, pois não consigo acalentar os sofrimentos que voejam à cata de seus desejos. Sem poder saber as causas mais urgentes, pus-me em ritmo de marcha forçada para alcançar o nada, mesmo cabisbaixo, pois só assim separaria as formas dos desejos mais urgentes, dos conteúdos das melancolias.
Enquanto tal não se dava em sendo, as camélias rebrotaram vagarosamente e místico me gratifiquei vendo as crianças saltarem alegres, amarelinha entre os azuis turquesas. A deusa do tempo se pôs a dividir o futuro dos compassos em cinismo, temperança e vazio. Debalde, conclui que por estas divagações não acostaria em portos seguros ou remansos. O mesmo tempo me alcançou antes do rio encontrar suas curvas por onde a felicidade escapava pelas montantes, embora sobre as margens os pássaros revoando as imaginações confusas desbotassem nos firmamentos os períodos carregados das piracemas e as ilusões se ofertassem para se cremarem nas ausências das desovas das felicidades. A tarde era de cores singelas e as fantasias cruzavam em direção aos passos involuntários. Procurei ouvir as cores dos cantos dos pássaros envoltos nos silêncios e caminhei desanimado sobre os meus destinos. 
A tarde se fez miúda antes do horizonte chamar-me para me aninhar em seus braços furta cores.
Ceflorence      28,/06/18    email      cflorence.amabrasil@uol.com.br

2 comentários:

  1. Eta imaginação fértil. Aquele abraço. F.Franco

    ResponderExcluir