LADRÃO DE CAVALO E OUTRAS CISMAS
Muito
senhor dos conformes, garantiu Seu Vazinho as alternativas como pontuou
assossegado sobre o lombilho em viageiras cismas. – “Se nos caíssem nas mãos
daríamos represália de descarnar os matutos ciganos que sumiram com a mula, como
fizemos com o Derempé Maricato, filho da puta que veio da Moncada dos Alepros,
três léguas rio acima, lugar de mulher bonita, água farta, gente de má
catadura. Pediu emprego e mesmo desconfiados acatamos. Trabalhou com o
carro-de-boi, prestativo, jeitoso, conversava macio com o tirante boi de guia
como se falasse na solidão da orelha da namorada em noite de lua. Proseava
ciciado no assovio mimoso, merecidamente, no infinito dos sustenidos com a
tropa da carroça que entendia todas as manhas que ele procedia. Categórico no
lombo de bicho xucro. Por caridade de confiar entravado nós finalmente
amolecemos as vistas e ai, praga, ele se deu a roubar o cavalo zanho, queimado.
Manhoso o Derempé, ligeiro, arrematou junto uma égua alazã enxertada de um meu
garanhão. Trocou o Derempé as montarias e arriou depois a égua amojando quase
para dar cria, poderia ter abortado, ralou sumindo como se fosse o vento. Mas
aconteceu, deus era grande, Jupitão, Tesourinha da Cota, Anacezio Poriaé, por
batismo, tinha a alcunha pelas pernas embodocadas, tortas, razão de ração pouca
na infância e mais eu, atrelamos nos arribados detalhes: bosta dos animais,
rabo tiquira enroscado, risquinho na pedra, casco de nada marcado no pedregulho.
Se
deram pelo senhor, antecedemos nos preparos e vimos o saracura de longe
amoitando num fundo de capoeira rala, picoto de quebrada brava em ponta de
serra desajustada de caminho, pedreira, despenhadeiro de urubu ter medo de
cair. Ali era o Sofrenço do Sino Velho, ponto de carcará amoitar solidão.
Tesourinha era ardiloso na garrucha, instigado de preparado na arte, sem
premonitórios ou calunia de perdão atirou na altura das virilhas quando ele
desmontou para fugir por uma pedra lisa, chapada, entre dois jacarandás
bojudos. O tiro era intentado justo para castrar o desmamado, roto, lazarento
ladrão. Proposital, intendente, maligno, atirou e acertou Tesourinha como
queria, cientifico nas miras. Jupítão tinha um canivete corneta, coisa fina que
meu pai dera para o tio e padrinho dele, ele herdou quando o tio morreu,
ferramenta desprovida de receios para descarnar um animal de couro. Nos
conseguintes, com o canivete corneta do Jupitão, judiosos nos demos animados
despregando, vagarentos, as peles do safado encostado num pau-d’alho,
desmerecidos de afobar.
Onde
estávamos com o rapaz desajuizado era uma terra meio sem ninguém. Tudo se
instalava ajustado para estas competências permitidas, sangrar o moço ladrão. O
pau d’alho era apropriado de bonito nestas opulências. O Tesourinha desistiu de
mais penúrias, pois a gatuno não atendeu de ficar observando ser descarnado
acordado e desmaiou desaforado. Descontraiu as raivas maiores com pesar do
coitado, assim atirou ele na nuca para não des-sofrer mais o ladrão e se
persignou corretamente respeitoso. Amortalhou o moço ladrão, para o infinito, o
Tesourinha.
Ceflorence 07/02/18 email
cflorence.amabrasi@uol.com.br
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