PARALELAS DESAVENÇAS
Os primeiros
meninos chegadores, confiantes, seguros como sempre, alegria empinada ao
infinito, tal papagaio em vento aberto presos ao irrepreensível objetivo, sem
preconceitos de herança, de criação ou de credo, conquistando a esmo o fim dos desabafos,
tudo um pouco insonso. E por ai se foi ao
fundo, em pedaços sortidos, uma sincronia sem preconceitos, rico de
subjetividades e de saudades, invadindo a consciência, confusa, mas amiga. Só
assim fugia-se da insuportável rotina. Mãos a obra, foi a palavra de ordem imposta
pelos criadores, em forma de arco íris envolto em saudade, cuidadosamente
desdobrado e retirado da tristeza preterida.
Não
existia possibilidade de retorno. A criançada se pôs em brios para enfrentar o
imprevisível. O espaço aberto para a individualidade se fechara no passado, sem
memória, abrindo caminho para a rotina, com brisas transparentes, espalhadas, sem
luxúria, sem remorso e muito menos sem sacrifícios ou pecados. Pé ante pé, borboletas
exibidas, peixes sem angustia e calandras calhordas, calando atoa o cacofônico
caído, se articulavam em movimentos rítmicos, confabulando sobre a absoluta
certeza de que o futuro não poderia oferecer mais do que aquilo que fora semeado
ao léu. Cálculos inúteis e probabilidades dispensáveis destronavam os pretensiosos
valores alienados das previsões.
Antes
do amanhecer ouviu-se o canto, por encanto, mas sem canto. No oposto, os
menores alegres se solidarizavam com a algaravia das sintonias dos poucos
recursos sonoros disponibilizados, que caminhavam para muito além do limite aberto
pela permanente saudade de sempre. Entre as desgraças, rapidamente recolhidas, pois
eram dispensáveis e inúteis e um solitário pé de arruda, a razão, insuspeita,
como sempre, colocou-se favorável ao inevitável e, desta forma, o risco de um novo
erro ficou de prontidão para cumprir ordens do destino. A dúvida incumbiu-se de
tomar conta da situação e conseguiu impor ordem, como se houvera uma plenária
sem maiores consequências. Nada se concluíra sobre o bipedismo, se, fruto das
conjecturas e hipóteses de um processo histórico, não provado, ou de uma evolução
revolucionária da espécie, que pleiteava o azul ser o som preferido para as
demências mais aprazíveis. Nada disto tornou-se objetivo, facilitando as discussões
finais claras sobre a regra três ou sexo coletivo. Com isto definido, todos
ficaram satisfeitos com as explicações prestadas.
Em
não havendo mais devaneios, a sinfonia suave, embora um pouco para o grotesco,
foi poupada da dúvida, que, em transito e em transe, marchava a passos lagos.
Não coube comentários sarcásticos outros sobre o renascimento, antes de
encerrar-se o ritual, nada macabro, daquele cotidiano comum. Atohá encerrou aos
irmãos de sangue presentes, a saudação cerimoniosa aos deuses afáveis à loucura.
Ceflorence
– 23/01/18 e-mail cflorence.amabrasil@com.br
Genial como sempre, Carlos!
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