RECITAL EM MELANCOLIA -
MADRUGADA SEM DEUS
-Memoro por quê? Pois, pois é. Barafustei
doutor, explicativo e desditoso, por estes pormenores intrincados e agora assim
repergunto no versado, incluso cismo, se concordaria ao ouvir tudo, tudo, até
os diminutivos aumentados? Espere então, diferentemente despropositado em alguns
versados e incluso improcedências, ao prosear delongas desmerecidas e
importunar vosmesse, doutor. Mas se atendeu concordar, se vamos. Os que não
forem se clareando nos principiados se melhorarão nos descaminhos, pois. Atente
majoritário, Deus nos acompanha e, Soberano, a vida traça, Ele, em correições
por serem. Não, nem sei, mas vêm nestas ideias desacomandadas, outras incorretamente
demais, como procederiam se atentassem como preferiria, carentemente, mas assumo
assumidas e desmeditadas para não provocar tormentos descabidos. Preocupa não
se não desproceder de início, pois meus inconscientisados que enxofro amargado,
delegam vindouros de outros desvãos diversos, atrapalham os legados e falseiam
os corretamentes. Se dá, veja! Não por intenção, mas por limitantes da cabeça
inversada que marejo. No começo é igualmente seja qual potro redomão meus
pensados, empaca nos encruzilhos destinados, mas depois que desarremeda pega
passo e não furtiva mais, sim, não confunda.
Penso diminuto, meio pelo perverso, no
procedente, imbuído de desfaltado e inseguro, por medíocre de ideias, para
desdizer o que disse, pois é, sim, amedrontado, do eu mesmo ao vivo de viver,
amomentados atuais sendo, como me comporto vindo tudo do que sobrou dos
acontecidos ao achego e clareio no estampido mais acalmado para conferir ao
achegado do aqui com o doutor remeto, porventura. Meço e repito, proponho ao senhor
esperar pelos adiantadamentos dos depois e entenderá corretos os fins. Se
aguardar os concedidos e proseados, os permanecidos ficam por minhas competências.
No desagravo, ocorre até os contraditos das impertinências miúdas minhas
intentar, reticenteio provisório antes, para não errar depois. Asseguro como cabresteado
se dessem os receios, pois é igualadamente se achegando ao tronco, mesmo como potranca
no cio, arrodeando cercas a cata de cavalo inteiro. Poderia começar pela intuição
pensada, seguir palavra sozinha, depois verter a sentença e por ultimado parir
o sentido. É como o pensador maduro tange o verbo agir, mas desfaço de seguir
as ocorrências. Prefiro o desmereço deste desconflito e direteio já no provento
para clarear o incomodo e não ejacular anarquias da minha mente conflitada,
bisonha de restolhos desmerecidos e ficar atrelado eu no pretérito dos ditos pelo
detrás. E tudo pairando nos indefinidos antes dos seus entendidos completos se
darem em ser, paciência, mas prossigo. Ficam mais sugeridos os tais para, sem
desavença, contar do princípio. Posso? E já desrespeitoso do autorizado antes
pelo senhor firmar o sim, vou terminando o verbo e respondendo de pronto sem as
anuências devidas. Coisas das sofreguidões que me desaguam nas melancolias lá
das minhas terras e dos atrevimentos. Adesculpe, mas permeio.
Apitou no soturno, noite minguando,
dia nascendo, maquinista fardado, imponência incluída no garboso e ajustado nas
mesuras inúteis, revidei trajando angústia, desbotado de pretensão e motivo. Luzes
apequenadas do meu lugarejo já dispostas a se desfazerem por descarência. Era,
pois. Desconjurado eu emudecido no banco, só, do vagão. Partiríamos nas desventuras
dos horários. Encolhido, amuado no meu eu capengando cismado, assim reverberando
desespero na saída, muito sozinho fui ficando, calado, exatamente, viu (?) mas
nem desperguntei para eu mesmo se queria assemelhado como no correto deveria,
sim ou não? Mas se deu tal, se deu por se dando e empenhou de se dar, sem
solução diferente, deu-se. Falta de manejos, outras conjecturas alteradas de
mudanças, nem desfiz fé de descer ali de novo, intentar volta à plataforma
ainda embaixada de mim, aquietada, e, nos impraticados, fomos desprazerando. No
decidido nem retruquei por ciência, partiu molengando o trem misto e se fez
chacoalhando. Cargueiro e gente, destino, fumaça. Castigado no provento preparei
os insólitos, no vagão quedado, sem desistência, mas também nada afeito aos
empenhados, mas já apito dado nos rumamos, fomos nós. Sem solução alternada,
solvemos na espicha. Era um puta que partir, partir sentido ao sempre, ao só, por
jamais e outras terras. Me proteja Senhor e fosse o que Deus quisesse, mesmei. Escute
e atente, moço. Nos demos eu e comboio, a sorte reverteu para sofrer de
conjuntura sem folga ou intervalo e não reversava contar agora, de novo, pro
doutor, se não tivesse angustiado de prosear os aborrecidos que vieram marmanjos
a se darem adiantadamente nos seguidos que foram.
Achegaram corretos aprontamentos dos
esperados e saída. Foi trem estradando moroso, nós no conjunto. Assim deu-se e
apitou, por princípio viageiro, em novamente. Conto. A fuligem grossa da lenha
queimada, tanto que o evaporado da caldeira ferventando resfolegados sujos visitou
quem despedia dos embarcados, das plataformas acenando, em pé acompanhando os
vagões puxados de per si um a um, a tristeza embarcada comigo, ao poente, a
tiracolo. Comboio procurando tino, indo nós, sequenciamos. Triste, traste,
trem. Adeuses demos, eu sem provérbio ou motivo, a alma sofrida, ao nada de ninguém
na estação por nós, comigo, e não podia ser diferentemente outras formas de ser,
pois tudo por ausência de simpatias e afetos que restassem para adeusar. Os
demais a despedirem se permaneciam em tais gentios seus apropriados, sinalizando
adeuses, a cuspirem seus intuitos, limparem as desnecessidades encarvoadas das
roupas sujadas, assuarem lágrimas fingidas ou sinceras nos lenços agitados, simbólicos,
como ensinam as novelas velhacas, e tudo se desfez antes de sentirem saudades
das ingratidões ou das justas. Perfez enxabida na estação uma porventura sem
sentidos, olhando acabrunhada o desaparecer da solidão sumindo sumida sumiceira,
apequenando miúda na perspectiva. Na perspectiva mesmo igualmente a que o pintor
desenha por horizontes desavistados ao desbotar no azul grená do fundo do seu
quadro, como o resto era similar dos trilhos de não proceder mais enxergar de
tão desmerecido restou desavistado, assumiu, sumiu, apitou, pois era como lhe garanto
só trem de ferro e solidão.
Retirados os vagões sequenciados um
por um atrás do outro, diminuindo, diminutos, um nada, definhando, confundidos nos
chiados do resfolego enfumaçado como se nem existissem mais de existir,
desfiguraram longe da estação parada no esquecimento. Ainda, esta última vez em
que se fez afastar a máquina comboiando comigo embarcado, repelido, se pôs a me
adverbiar para longe, para o indeciso, indefinido mesmo, cruel. Madrugada,
certo? Perguntei sem repostado. Nem desanuviei no infinitivo e prosseguimos. Justo
por ela adentrando o amanhecer, se me permite chamar por correto os aproximados
das cinco horas, se tanto, este espaço etéreo e promíscuo da luz titubeada,
mesquinha de plenitude a se ver ainda sem enxergar, brotando pávida no nascedouro
das serras, esquecendo pelas tangentes os ilimitados dos frontões soberbos para
desavistarem os aléns inacabados. Hoje é memória, pode se dizer, repetida, do
que se deu e sobrou cá comigo bem depois, amargurada era e deu-se exato ao
contado como foi, escute só doutor. Refrega dolorida. Transcorreram as
recordações ficadas e dou testemunho acabrunhado por se fazer hora de ser,
tristura brava. Descidadeniei encarquilhado sem figuras de alegrias da minha
terra naqueles justos, contragosto e nem pecado grosso confessava cometido, por
descarrência e justiça, digo, fugi. Desertava de mim mesmo mais das razões sem fim
corretas, só para desaprender a sofrer menos majorado de agonia. Ideava amiudados
medos medonhos, mais menores, mas propus enxabido, neste então, destinar desacompanhado
comigo.
Adiantando outros mais, encerrados os
intempestivos da partida, avisado e ponha a saudade na algibeira, repito, na
partida, relembro saindo, tanto se deu das estrelas derradeiras ainda intentarem
minimizadas de proveitos e nortes, se estes existi-vessem nos firmamentos por
mandos do Criador e tal se puseram a ser por descabidas das vistas enxergarem, pois
encolhendo amedrontadas se fizeram pelo tamanho do sol guloso querendo estuprá-las
fugitivas, começando a...., nem descrevo exato para não chorar molhando àquelas
melancolias misturadas no fundão da porventura e das dobranças. Exatamente como
estava sendo, o sol espreguiçando pelos nevoeiros escondidos em seus infinitos nem
pedia reparo de tanto se fazendo acalorado. E elas, estrelinhas, a se desmerecerem
miúdas se deixaram ultimar em sobras, dormilitando apoucadas pelos colos do
Senhor e ali infinitivas, devaneadas nos sonhos apagando, quedaram sumindo,
lentas se puseram. Embarcamos meus juntados e eu, juntos, apoucadicos de penúria
de quase nada eram e outras também amiudadas tiquiras de graças quase anuladas
por desserventias, desdigo, comigo se puseram a ir. Trouxe a par, tudo em
pencas de portantos, inúteis a bem dizer, se permite, dos quais não me
descarreguei nunca por impotência, masoquismo, além de outros perfazimentos de
poucas cismas e provimentos. Hábito de rebeldia abobada. Ameados, em conjunto, vinham
na matula gorda de melancolia, o farnel dos desatrativos e mais umas circunstâncias
grudadas. Todavia não pôde se dar de não me desfalcar e vir junto, as angústias
mais arrecheadas, a saudade de Leizinha, o último beijo, contragosto, o punhado
de apreensões. Fartura de despropósitos? Penso que sim! Era. Creia doutor. Despropositei,
ao partir, do loro, que vizinho acarinhava, o gato que se acomodaria quem
chegasse ao abrigo, pois é dos intimados dos bichanos, e o cachorro Deus
gostava dele e a rua acataria sem estorva ou desproceder. Por tudo embornado carregava
ao lado, naquele dia, na mesma bruaca de desespero e no despedido e nos jamais,
nem desconcorde ainda, mão apertada, peito desmedido, entravado completamente
os por-motivos da moça do nunca mais, ela, a querer me ver. Vaticinou o finado.
Os nãos, sem surpresa, por Leizinha se ficaram no passado, no sonho, saudade e
desmeço de despalavrear mais por descarência certa de não querer lembrar no
mote do sofrimento atentado. Veja o senhor.
Amargurou, confesso sem pejo, o trem
apitou novamente, novamente outra vez e assim se viu o carcará, no provável de ser
o que era quase impossível, pela distância afastada de tão longe de enxergar,
amiudar das vistas garantidas e despontar alongada, a ave bonita, mas perversa
nas cadências, sobre os seus imprevistos a cata das intransigências suas predadoras,
carecia. Era gavião e se fazia para tanto, belo, definitivo, cumpridor das
manhas da natureza mãe. Saga, voou baixo para caçar mais ajeitado e remoto, bonito,
creia, lembrei que não sabia enfeitar o destino eu, como se dava a ser a
destreza da ave, para fazer sorrir Leizinha. A
verdade se deu em sendo, cruenta, imperdoável, tanto sim que até a merda do bom
senso vencera o não-sei-por-que-causa-das-razões (?) e ela, Leizinha, desfizera
qualquer possibilidade de seriamos, seremos ou até..., esquece, agora se deu. Nem
um talvez ou um futuro mesmou mais, no quem sabe, desdisse seca como aroeira
brava, calou. Conjugou ela, marcando sinas, os verbos na voz passiva, cruenta,
tempo intransigente sem subjuntivo, tempo dela do desencanto a me magoar, como
ordena a gramática inútil do desamor, implacável, sem contradições prestáveis
para desandar sonho e somente os esvaziados prover. Alguns por si, em particípios
presentes, irregulares e malditos, como são sempre e há de serem os fins, os
verbos, as falas, o fado. Ela, em si, postada no alpendre, maldito, que a
desapareceu na noite engolfada pela intransigência, renovou todas as
declinações como eram as latinas mortas para selar as línguas sumidas e se fantasiou
muda de nada. Sequer temperou ou melindrou com: um dia pode ser, quem sabe, ou aquele
quiçá, petulante, cínico que fosse, mentirosamente mesmo, se a tal se desse um pode
ser..., com o até quem sabe, provisório, um, por favor. Mas no repente
agarrou-se no em-vão, não, não. Fechou a porta no infinitivo, acenou com o
jamais, estipulou método, mania, tranca, porta serrada e caso encerrado.
Exatamente como desdigo agora,
memorado, apitou o trem, me avisando o fim, o fato, o foi, desobediente,
sinistro, indiferentemente partiu a partida, ponteou para o desatino sem ser
outro diferenciado do sempre seu, meu eu junto, saudades de Leizinha e ele
resfolegando como fazia saber bem. Gesticulou praieiro indo despreocupado, como
são as ignorâncias dos trens de ferro, em desamores sempre, apitando agudo como
só ele atende com sapiência os deméritos de acordar o silêncio. Vagueou ameno pelos
arrabaldes eternos de seus destinos, transitando à frente, desfeito de artes,
portando melancolias, sem arrogados ou paliativos. Se deu por ser, trajetando
meta enfrentada, vascolejando pelos trilhados meeiros, visita catingas mesmas,
velhas e amuadas, escuta o pio do nambu acomodado na tristonha dolência, mira o
foco e brinca nos vargedos. Por ser prudente e cansado das impertinências, altera
os acomodados nas agruras subidas mais amolengado de sina e pelas descendentes
desmiola afobando os passos aligeirados com o folego desatenuado, pois tem
destino, trem segue. Era uma viajada viageira de princípio e raça, desforra
deixada e eu indo. Acuda. Aponha cisma doutor, me atente. A vida, nos
rasqueádos ritmados dos batentes começou a se desconstruir desexplicado nos
meus a sós: blau-blatau, blau-blatau choramingavam as rodas nas emendas ruins
dos trilhados e por se fazer a frente, seguiu, seguiu pelo pretérito imperfeito
atrás conjugado na saudade de Leizinha restada. Confesso que desprezado pelo cargueiro,
indiferentemente, desconsiderado na soberba mesmada, ficava o amor, ficava ela,
eu indo o vagão levando e conto triste assim mesmo do jeito que foi doutor. Fugia
eu, as teimosias minhas, ela sobrou no só da camada grossa da melancolia minha,
que debitei para a injustiça. Desadornei no realmente e batia um formigado
subindo dos fígados para os desesperos que habitam remanchando perto do coração.
Era um acuda sem socorro, sem pelo amor de Deus e só, e se dava só o trem,
blau-blatau, blau-blatau, adeus, adeus, oh Deus, blau-blatau, oh trem, atrás,
atroz, traz, ah! Trem.
Mas o tempo do verbo gente, do eu sem
catimba conjugada ou métrica, nos fomos de sofrimento em procissão e fuga, amor
em sempre de desejo e só vendo doutor o verde fora que não surtia efeito de me
deslagrimar das saudades. O tal do que me consigo aqui dizer, de imediato, recontando
as teimas pro senhor, não transpassa confirmar que sou um presente desmerecido
que se desafina do que foi no passado, tanto como do que virá nas frentes a ser
nesta cabeça endoidada de doido e como é comigo sempre sendo quando penso o que
penso imitando ainda do que penso agora. Imagina. Persigo no persisto e aflijo.
Creia. Creia, doutor. Para dar-se, nos resumos, tudo cala igual no atoleimado da
mente e não sei se o que se foi é ou era? Se o que será é ou foi? E para não
desmerecer o endoidecido, do agora, se era sendo ou sido, se o que foi será ou o
que será seria? Doutor é e era nestes cipoais gravetados que meus desatinos desmereciam
antes e desmerecem já agora. E o trem
cutucava as cataplasmas das minhas dúvidas, cismadas mesmas, e um vento amanhecido
de orvalho tiquira fugindo para as serras tateou até amansado de enxugar minhas
lágrimas, mas não ajudou por desmerecido de proventos. A teimosia e ou a
tristeza ouviram o trilhar, blatacan-blatacan, moroso do sentido trilhando rumo,
rodas surdas, eram do trem, despreocupas, acudiram meus tresloucados verbos do
pensamento corricando passado. Com certeza repuxando ideias desmedidas, repetidas,
grudadas, secas dos passadiços, atentavam no presente, voltejavam ao futuro, desesperançavam
desassossegos, gestavam sem vicissitudes. Aponha prudência.
E o trem se fazia desobrigado de
proventos. Apreciava mordiscando os lábios para chorar minguado, escondendo nos
disfarces os olhados sem atentos nas delongas encurvadas margeando o gado
solto, quebradas de picotos ganhando suas serras e estas pastejando reses inacabadas
em camparias infinitas sem finados das medidas e ansiedades. Vidro esfumaçado
da fresta da janela, brisa alongada das solidões sisudas, engarupando verdes desmedidos
enfrentado os sós dos torneios sumidos lá para os confins dos sopés das vistas perdidas.
E o desplante desacomodava acomodando nos murmúrios das tristezas amargas, mas se
pontuava melhormente nas restingas quebradiças das grotas faceiras e Deus não
improcedia, mas no então nem mesmo descomandava. Invadiam os indefinidos,
estes, desesperos meus. Ponha fé, por enquanto, no quanto desembolso o lenço. Atentava
o apito que se fazia repetir por motivos seus, do maquinista, do Senhor e das
curvas cismadas. Briosa, despreocupada e sorridente, confundindo-se com o além
do imaginário e serras, bate pelo lado de fora da fresta uma angústia
alvissareira. Mastigo o imaginário na ponta do solfejo, deslumbro e meço a
porventura. Acato-a por incompetência e hábito, abro a janela, mas ela prefere
descer pelo mesmo teto de onde não se arredam subjetivos meus. Junto, do além-inconsciente, Leizinha, que se
faz em si, pronta e bela, por ser sempre, atentando ao meu lado da agrura,
promíscua, apeia na cadeira e enfeita a frente aparada à ansiedade e mesura. Se
dá e veja! Parelha de sobeja e paradoxo desarticula o verbo e desentrosa os motivos.
Atento nos desatentos por falta de envergadura e corretivos. Acomodo a paixão
imaginária às fantasias entre a minissaia grená, meu desejo, banco frontal, no
meados da angústia sorridente acalorada e da demência despreparada. Colorido
nos olhos esgarçados sorriu-me saindo Leizinha encantada do sumiço como se o
pretérito não houvera. Mudara o imaginário, tanto que quando me mandou desistir,
alisou o cachorro ao lado, arrumou os cabelos longos, puxou a minissaia para insinuar
as pernas nuas, lindas, e envolta em sublime e desejo não se propôs ou
condescendeu desenroscando do meu desespero. Mas sem pejo ou conceito, nem não
pergunto por que encarnara do infinito, acomodou sorriso, se fez a mesma, encrustada
em minha angústia e azul. O apito chama a atenção de uma roça rala de milho
seco no compasso de quebra sem pressa e, juntado a par, como são os havidos nos
cerrados, por contas dos acontecidos, desvia para o provável esquerdando, sem
meditados, um veado campeiro a cata de seus outros portantos. Cismei das
imagens vistas chegando de atropelo nos meus exatos e os nãos das turras
intimadas, minhas, da cabeça descompassada e vadia e não sabia o que merecer
mais atentos, se seriam os proventos na angústia, magrela, mordendo fundo,
Leizinha me acossando para não mascar o freio, o veado, infinitivo, indefinido
no provável dos motivos próprios e transmudados nos delírios, enquanto o trem sinuoso
trilhava mais outros tantos para aconchegar minhas melancolias. Afogueou o
provérbio e me perdi destemperando. Justo assim sendo, repito senhor, não
duvide, pois se davam os dados. Não discordei, jamais interroguei por
descabimento e sobrosso, creia doutor ou postergo os ditos. O maquinista apita
suave, tentando me restabelecer em algum finito. Pouso em ponto morto.
Trem não desmente ou discute,
transita. Segue. É trem, só trem, trem trilha entre trilhos. Perguntaria até, permitiria
invadir-me se não me agradecesse e agradasse em detalhes e solfejos. Não é, mas
existe, pois quando não existia, estava nos compensatórios sem saber que iria
acontecer. Não descobriria até porque e como começaria adorar a loucura e acarinhar
a demência. Atento e saúdo o imaginário das ideias, ou me proíbo e desfaço da
mulher juntada ou acaricio a fêmea caramelada em minha doce suave alienação? Para
esquecê-la teria de me desfazer, contrariado, da insensatez aparceirada? Nem
pense. No vazio das soluções preferi me apegar ao infinito e solicitude,
acomodando o deixa para lá e ver o trem balancear na cadência meus divagados e
seja o que o destino cumprir nos seus intentados e imprevistos. Arremedo e
pontuo sem prerrogativa. Uma brisa competente e sorrateira sussurrou-me, ou doido
ou cínico, pairado escutei sem resposta, nem apavorei. O blatacam concordou em
trilogia e nós seguimos como o tempo insistia. Olho bem aos fundos dos azuis
celestes e se Deus não apareceu é porque levou as estrelas menores para
repousar Prossigo. O trem não desmerece e investe caminho e reta. Nasceu trem
por destino, competência e sina. Pensei, prazer? Respondeu moroso, Blatacam,
blatacam, carinhoso, me desconcertava. Divago, esqueço os trilhos, as estrelas,
Deus. Acamo a angústia no espaldar da poltrona dura, seca e, por proverbio ou
providência, atento para as displicentes pernas lindas, empertiga os seios do
corpo esbelto, saudades, desejo, era ela inteira e sonho. Me excitam gestos
displicentes, provocar queria, quis, proveu, insinuou, fingiu que não ouvia
meus delírios, se fez, Leizinha, sim e era, foi-se, permitiu-se integral e a
despi nua, para engravidarmos os infinitos e aos ledos irresponsáveis. Quem
diria que não estaria em lá e em mim. Se músico retornaria em ré, (atrás) para
o sol iluminar-me em mi (mim). Pensamentinho medíocre, doutor. Prosa de
desgovernado. Solfejo meus indecisos e afino o arbítrio. Penso, logo existo,
Descartes. Devaneio, logo persisto, qualquer alguém. Eu, por absurdo, não sei
se sou ou enlouqueço, logo não desisto. Converso em inconscientes desfigurações
e Leizinha traduz em indecifráveis libras nossas parábolas inexistentes concretas,
enquanto eu estiver apaixonado, demente, ela ausente. Fomos. Creia. O trem se ganha
no rastejar molenga dos interstícios indiferentes, mas responsáveis pelos
passos e prováveis. Ninguém advinha o que nos espera, nem o trem, o maquinista
só ponteia, sequer Leizinha, eu nem diga. O veado fincou altivo no provável e
voltou para o imaginário. É lindo. Não distingo os intangíveis, veado, o
imaginário, sol afrontando, Deus nos infinitos, Leizinha transitando entre o
absurdo, o passado, no banco da frente, com as alegrias do inexistente e as
pernas dos meus desejos. O trem apita para me pedir sorriso ou pleonasmo. Esgarço
um premonitório displicente. Conversamos atabalhoadamente, Leizinha conosco, eu
comigo, ela com meus arbítrios, ninguém assume, ficções, meus sonhos. Outra vez
e ainda o apito transluz meditativo que a curva da ponte carece aviso e que
posso derrapar para a esquizofrenia. Melindro o que será do gato que larguei na
minha casucha. Felinos são mais inteligentes e pragmáticos, se apaixonam pelas
circunstâncias e lugares, desmerecem as almas, os sonhos, as amantes.
O provável que me acossa para
instigar o futuro se faz inteiro, por não existir, fingindo, irônico, que pode acontecer.
Louco me acalanto simplesmente no imperdoável, embora sempre faça questão de
considerá-lo fiel, confiável e ainda imutável, pois creio ao infinito no
provável como na gravidade ou em milagres. Sou um idiota crente profundo de fé,
perseverança e autofagia mental incrédulo. Não interessava nada no então, caso
contrário pediria para as rodas retornarem à estação e com certeza não soubesse
nem para que.
Doutor, mais dois dedos de prosa e
folgo o senhor. Sem saber dos porquês, instigava Leizinha meus intrincados
pejorativos e indesejados. Assim foi e com cadência de eternamente iguais me
puseram a desacorçoar. Acredite e ponha tento. No paragrafo seguinte anotei na
solidão, por justificativa e método, bem no ameiado do lenço agitado no adeus colhido,
uma gota de lagrima inteirinha que dividi ao meio. A lágrima-meada da ponta de
cima, tão nobre quanto, foi repartida igualzinha para engravidar-se do azul e
ver se pariria um retorno. A metade sobrante figurou guardada, sem presteza,
para remarcar a impotência e até envelhacou amarfanhada para não deixar a saudade
secar. Foi em sendo bem assim mesmo, até que me dei por só, chorando e sumindo
de mim e o trem encarrilhou sem soberba, como sempre, neste fim de linha da
capital. Juntado eu junto vivo por estas beiras. Vim como vim eu mesmo nestes
acontados que lhe propus por conta ir desfazendo, mais para me desafogar do que
por pertinência de merecer juízo.
Só para finar os encerramentos,
reconto que partiu tudo acarregado, dos que trouxe comigo, embornado, como
detalhei nos minuciosos, da estação ficada na angústia, onde se é de ser a
outra ponta desta estrada e destas rimas, o fim-de-linha de Desafogo do Pontão,
nascedouro meu e, no então, juntado ao nunca-mais, se Deus dispusesse, como
dispôs. Lá descamba ainda, salvo se pelos ameados de desconhecimentos meus se
puseram diferentes, Leizinha, suas indiferenças, latitudes desapegadas, meus
desconsolos e os desmerecidos. Foi e é.
Agradeço e fecho os atentamentos do
senhor para meus despropósitos. Tome o café, que vai esfriar, diferentemente de
como renegam minhas manias, por favor, doutor.
Ceflorence 13/01/20 email
cflorence.amabrasi@uol.com.br
Adoro os seus textos! Não vá enlouquecer os psicanalistas, rá, rá
ResponderExcluirNão se preocupe, eu já estou cadastrado como persona non grata na Sociedade Brasileira de Psicanálise. Brincadeira a parte, gratifica sobremaneira a sua gentileza e visita ao Blog.
ResponderExcluir... Nesses tempos de pandemia, melhor viagem nos tempos! Que Deus o mantenha com tamanha lucidez e sabedoria. Abraço!
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