segunda-feira, 6 de janeiro de 2020


PORVENTURAS – ABSINTO E DOXA

Chegou acabrunhado, sequer declamou os brancos coloridos, anódinos, das meias.
Amassava o chapéu, entre tristonho e certa esperança, relativa, no louva-deus.
Pesquisou a tese, inoportuna, para não solucionar teoremas ou paradoxos.
Olhou o céu, procurou Deus, saudou o insolúvel, achou a reflexão mal intencionada.
Censurou-se e escolheu pequenas abstinências ao querer vaticinar o inconsciente.
Poderia até ser dia de graça, se não houvesse uma estrela em dó menor, imune.
Mesmo assim possuía consigo um desdém, amestrado, idealista, do lado oposto.
No confronto, entre o azul e a metáfora, ao se masturbarem, nada se definiu.
Questionado, sugeriu o ensejo do ritual do parto gênese para pueris ensejos.
Transcorreu bem perto um pequeno intuito encachoeirado e cínico. Vaidoso.
Pois cedo, as afinidades azinhavravam antes de encontrarem os motivos.
Observava com método, primeiro, depois dividia o destino em pró e não aborreça.
Procurou, entre os mais carentes, um aconchego robusto, mas assexuado.
De manhã não se barbeava, para só no almoço criar fantasias.
Não chegava a ser um cético, embora preferisse cores miúdas às insonsas.
Respirou fundo o sabor do vento pensando em engravidar a alegria.
Com o escorrer do tempo preferiu atender o silêncio a açoitar o provérbio
Nunca se conformou com as metamorfoses, embora não comungasse.
No entanto, concordou com a melancolia ouvindo as rosas subjetivas.
Crente, se preparou para trazer ao convívio as melhores discrepâncias.
E determinou o ribombar dos sinos para reinstaurar a saudade.
Ao aceitar a lei da gravidade, liberou o óbvio, incentivou a imaginação e pregou.
Dúvidas atrozes, se o conceito de paz fora mitológico ou servido na santa ceia.  
Suportava nas entranhas metáforas vis com a tenacidade dos convertidos.   
Mas antes das soluções aplicava seus sermões e os casulos eclodiam.
Nunca transigiu com as marés, fossem elas altas ou mundanas. 
Desapegou das coisas fortuitas tanto como dos verbos na voz passiva.
Ideológico, ressuscitou após o terceiro dia com o desdém amestrado, barbeado.  
Distribuiu as fantasias entre os mais carentes do lado oposto.
Insinuou que meias anódinas, não declamadas, seriam brancas ou canonizadas.
Dar-se-ia o aguardado, não houvesse só uma estrela em dó maior ao se masturbar.
Abençoou o provérbio: almoço; divida com amigo, jantar; dê ao inimigo.
Ao engravidar a alegria preferiu atender o silêncio a açoitar o prognóstico.
Tanto que não chegou a ser cético a ponto de desacatar a lei da gravidade.
Restabeleceu o dia de graça só para atender o ribombar dos sinos.
Envaideceu-se com o louva-deus que não amassava o chapéu ou a esperança.
Ensandecia ao sabor do vento ouvindo as rosas subjetivas na voz passiva.
Com a tenacidade dos convertidos, nunca transigiu com as marés.
Desapegou-se das coisas fortuitas, no entanto encantou-se com a melancolia.
Pensou em engravidar a alegria antes de solucionar os teoremas indefinidos.
Se houvesse só uma virgem assexuada, não sentiria o sabor da aurora.
Mas o pequeno intuito, encachoeirado e cínico, não chegaria a ser cético.
E bastou romper a liberdade para amamentar os melhores pecados capitais.
A vanguarda progressista caminhava atrás dos chavões e desmerecia a sífilis.
Descobriu que a infância era o começo do inevitável, sem sabor, a se tornar inútil.
Velejou pelo desconhecido como se estivesse indo escovar os preconceitos.
Na entressafra, todas as euforias foram autorizadas e consagradas, salvo a verdade.
Em seguida, ele rompeu o silêncio e calou-se para sempre sobre a incógnita do ser.
Ensinaram-lhe a orar, pagar dízimos em parcelas com juros e ansiar por utopias.
Obrigaram-no a andar no coletivo, receber salário mínimo, votar e enforcar-se.  

Ceflorence     05/01/20       email   cflorence.amabrasil@uol.com.br

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