DESFEITANDO
Assim
foi como procedeu conversa entre os desencontrados dos desatinos e dos proseados
nas rodas de espreitas às socapas, daqueles que bebericavam café requentado e
cachaça desaforada de ruim em boca. E nestes plausíveis do nascer do dia, não muito
claros para o seu desconforme, foi que Joca tentou criar artimanha de por
sentido nos redemoinhos dos solitários do consigo, cabisbaixado, remoendo desditas
engravidadas pelos desatinos calhordas, jogadas nos tropeços dos seus caminhos
para abusar de não dar formosura de ciência nas querências do futuro. “Se
aroeira brava sofresse solidão, não se aprestava para moirão de porteira velha”,
assunta, no resfolego do repente, Joca, sem rastro ou métrica de definição ajustada.
O porvir que vagueava tal bando de maritacas agitadas e gritadeiras, em roça de
milho verde, se pôs nas consoantes das ideias, igualados das embiras trançadas,
como bornal de mantimentos onde se joga tudo nos distúrbios e nunca se encontra
nada nas carências das precisões. O beija flor agitou suas intemperanças no
caminho de destravar os encontros das tristezas com a solidão e pairou no ar
para enfeitar a brisa. O riacho se fez de brioso, aprumou pelas cascatas se
escondendo entre as pedras mais salientes e Joca se pôs a levantar os pensamentos
para os lados das sinas melindrosas.
E não
adiantava este viajar pelos nadas dos destinos, se o cavalo, único parceiro de
prosa séria naqueles espigões isolados de serras bravas, não se arvorasse no
rumo certo, em marcha estradeira, no intento do caboclo poder, nos entremeios, salpicar
fantasias espicaçadas no arremedo de solução. Naquele toadão mal tinha arremedo
de tempo de por reparo bem adornado na natureza das beiradas enriachadas que
cortavam o caminhando, misturando os internos do seu eu com as quebradas abonitadas
até aonde a vista cegueiva as vistas turvas. E era nestes perdidos que ele bolinava
as farturas das dúvidas. O moço só arremediava nas tramuras de se empertigar
por desaforo, amor embuchado e cavalo redomão, como despalpitava Sobroncio das
Remeleras, que apaziguou de morrer beirando os cem.
No
meio destes transviados, Joca sonhava com um dia, ninguém sabe dos quantos, em
que com a mesma destreza de armar vara de pescar magote, naquelas corredeiras
frias, sem tempo medido de se soltar livre em alegria, como se linha de pescar
fosse para buscar fundo nas locas das pedras batidas, nos propósitos de acabar
de vez com aquele medo amamentador de acanhamento vergonhoso e se arrematar só
na coragem atiçada como pinga de curandeiro usada nas artimanhas. E o alazão,
que lia pensamento no perfume dos ventos que carregavam os cantos da seriema do
cerrado, virou nos pés arribando atalho na direção da Toca Grande, aonde a
sorte derramou Rosinha desde os tempos esquecidos. Joca poderia, assim, até que
enfim, gargalhar coragem de amor declarado, na barra da candura da Rosinha,
pois o alazão definiu rumo e prosa. Joca não contradisse nem esmoreceu de
definhar no porvir.
Mas, pois,
como se falou, o resto só eles deram conta e fica para outro dia para os demais
proseados com tempo de ser então tragado com cachaça, serventia e pé na estrada.
Assim foi.
Ceflorence e-mail cflorence.amabrasil@uol.com.br
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