CAMBARÁ FEITÓ E OUTRAS REFREGAS
Por
ser, como procedia, impávido, homem casmurrado de sangue nos repentes das
salivas enraivadas, nas ideias, encurralado e curtido, de trompas e arrepios inusitados
nos tempestivos conformes, falados adjacentes procedimentos amortalhados e
calmos, sempre maledicente e transverso, dele se trouxe a baila fala, pois carecia.
Se confirmou, por assim dito, mas não polia desnecessariamente ele o verbo na
minguante quando estirava os olhos para os desafetos, pois se achava insuficientemente
des-iletrado para contra feitar em coisas nas quais não fora adestrado para
tanto dentro dos preceitos e vinganças. Foi como Tiborato das Navengas contou o
caso do desencarne de Cambará Feitó, matador das Sete Barras do Jucuri, ao sair
pelo mundo à cata de Porozinho da Donga. Noite se caindo e lampião aceso,
enquanto desigualava roda de truco, murrinha e dolência, nas travessas das
prosas para dar ouvido ao demônio e ao vento que trazia tristeza dos lados dos
Vertedouros Descarnados.
E era, como falou cabisbaixado Tiborato entre uma
pinga e um pito, por demais afeito Cambara às armas de tiro certeiro e
apunhaladas desforras, que no manejo se sobressaia empertigado e altaneiro,
tanto como nas solidões dos destinos por onde campeava a melancolia. Ele sempre
acavalado pelas estradas a procura dos passos da morte contratada para cismar
vingança de terceiros como se adestrara desde moçado nas Serras dos Alempros. Cabra
de mão descalejada, por desvirtuado das enxadas, sisudo nas entrelinhas das
formalidades, Cambará se calava para não atiçar mais revolta, embora vivesse de
desapadrinhar as almas mal comportadas dos corpos mal procedentes.
Tal se deu conforme as ditas de Tiborato, quando Porozinho,
moço de dadivosos sorrisos, mas de posses desprovido, enfeitiçou Alecita, filha
de Calempágio Alforres, sesmeiro de léguas sumidas entre os perdidos das vistas
e até onde os ventos paravam para resfolegarem depois de cansados. Nas paixões,
se estrebucharam de andarilhar fugidios, Alecita e Porozinho, por contas próprias,
pelos seus mundos, que deus abrira para os apaixonados. Coisas de somenos e
belezuras, agarantiu sem cismado Tiborato na fumaça do pito que se desfez no
mormaço da fuligem e a coruja velha dando conta da cumeeira. Mas os meninos
enamorados alongaram na madrugada e Calempágio pai aclamou Cambará desfigurado
nos preceitos para seguir os rastros das rebeldias e trazer moça Alecita de
volta e nas tangentes e, sem retrancas ou arrependimentos, desaferroar do
pescoço a cabeça de Porozinho, antes que cruzassem o Rio dos Cantibais dos
Afogados. E a cavalada foi afeitada em relho tanto para quem fugia, como para
quem destinava enveredar atrás nos pisados das trilhas. Serra acima muito
cascalhada de tropicões e noite escura, potreada arisca nas pontas dos cascos
palmeando os destinos, afrentados os fugidos, no percalço, rastreador, tudo
procurando o futuro para as más certezas das discórdias se afunilarem.
E deus desistiu calado para des-acalmar os
improcedentes que viriam, pois abriu vaza ao demônio para desenvergar a lua
para o lado do Espigão dos Carcarás, onde Porozinho se amoitou no semblante do escuro
mais adensado da Pedra do Mamoeiro e mereceu de enfeitiçar a pistola para a
banda que não deixava ver os camuflados.
Porozinho, para encurtar os falados de Tiborato,
despregou destinado chumbo para a canhota da rebeldia em que se desacomodava o
coração de Cambará. O estampido desembestou o cavalo passarinheiro serra
abaixo, levando jagunço e solidão presos nos estribos, despedaçando a cabeça
pelas pedras ensanguentadas e a alma penada do desgraçado refugando o demônio atrás
nas trilhas do senhor para escapar do inferno.
Ceflorence 28/05/18 email
cflorence.amabrasil@uol.com.br
E assim nasce uma assombração da boa..!
ResponderExcluirMuito apreciei!
Bj
Muito obrigado pelo carinho e retorno.
ExcluirGrande beijo.
Vô