CAIS DOS SONHOS E DEVANEIOS.
As
melhores fontes, sempre, que jamais deixei fugir, foram encontradas nas grafias
rupestres dos antigos Oncártigos. Estes, graças às suas inspirações milenares,
dividiam as origens, as previsões e as sínteses dos sonhos em duas melodias,
jônica e dória, três infinitos e seis metáforas. Dos incônscios destes entrelaçados
manejos, destaquei, propositalmente, os sonhos mais confusos e, portanto, os
mais saborosos para temperança das desovas e dos delírios, que brotam das
divagações. A fissura invisível entre o crânio e a alma era o único intervalo
estreito por onde ousaria lapidar o raciocínio sem ferir a emoção. Não pairava
dúvida operacional. Os Oncártigos eram rigorosos e perfeccionistas nestes
pontos e sob esta métrica ofereciam o local exato para cruzar, com sutileza e habilidade,
o intervalo meticuloso, deixando o devaneio seguro de suas ambições e o delírio
satisfeito em seus propósitos. Não havia opção mais elegante nas circunstâncias.
Intuí: a destreza afinaria amasiada neste detalhe.
Na
mesma contingência aproveitei o furta-cor onírico, mais ousado, afastado longe
de lógica convencional e lerdo de explicação cabível, pois o labirinto se engalfinhou
indefinido à minha frente perdida. Esta euforia, um paradoxo coerente de satanismo
divino, grafada sobre a textura invisível ao apagar de luzes, inconclusas em
desfecho, configurava-se infalível para obtenção do nada, por onde andarilhavam
os melhores delírios. O nada é solução fatal para embaralhar os sonhos e
cambiá-los por frenesis. Por sonhado, então, sido tendo, se dera explícito que
esta matéria rugosa, o nada, flexível, esparramada em brumosos musgos
instáveis, não deixaria jamais fugir pelas frestas finas as indefinições e as insânias,
como havia pretendido.
A incerteza
foi se arrogando entre metamorfoses, confirmando a presença do pensamento
alterado, da demência virgem e do pedaço de azul arrastado pelas paredes intransponíveis,
com intenção de me dificultar o sonho. Os dementes carinhosos me aguardavam do
outro lado da fantasia, para nos confraternizarmos. Idílico, por metodologia,
um odor de alucinação apoiado em um equilíbrio instável, suave, galgou as cores
mais floridas. Achegou-se o devaneio, tão florido quanto, suportado em seus
entraves vermelhos pelo poente e opondo duas jiboias entrelaçadas, amorosas,
sobre o destino, sem plausibilidade à maré jusante. A trilogia clareara na
composição do infinito. Estes sonhos, por sabido, se arrastavam indefinidos
entre o invisível e a loucura, amadurecendo apetitosos como brotoejas de invejas
e se esparramavam como orgasmo da solidão. Nada mais robusto para o delírio
brotar.
O
infinito se ajustou ao ruído do silêncio. Da praia surgiu o potro branco se
oferecendo ofegante para espargir paixões e desembestar sonhos meus sobre as revoltas
das ondas brancas. Implorei ao infinito para alucinar-me ejaculando delírio.
Ceflorence 13/09/16 email cflorence.amabrasil@uol.com.br
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