AH BÃO
Ihhh! Deixa acordar o
sol, por trás da capineira, embaixo do ninho da maritaca, antes que ele se esqueça
de bocejar. E lá vem preguiça namoradeira de domingo sem sol, derramando conversa
boba de pinga farta, na véspera, viola ranzinza, e lopração de satanás que
andou com meia-furada. Abstinência do pé nosso de cada dia em estrada encontra eu,
muito por ventura, Juca Comprido, a cata de Rosinha do Sonho, que o destino alongou.
E
ponha sentido no gozo das fantasias livres como andorinha a cata de viver.
Manga espada madura sorrindo na ponta do galho, esperando ser comida, igualzinho
os recheios de Rosinha. Oh! Diabo de estrada comprida que plantou Rosinha assim
tão na outra ponta, tão longe dos proveitos das serventias e a mão do disponível
para as necessidades. Isto é destino sem consciência e quer atrapalhar
desarrogâncias de quem tem compromisso e gosta de cumprir, pois.
Ah! Bando
de tuins alegres, formosuras e natureza. Quem inventou a passarada viu Rosinha
prosando com as moças muitas, das belezas sim, que falavam assim, ao mesmo
tempo então, a conversa solta de cada uma por si, sem satisfação de resposta
inútil, pois o que contava era a água farta da corredeira, o sol perene e o
amor do beijo do fim da tarde iniciando os atrativos das atrações.
O bom
destas léguas é esta conversa que desafoga o comigo mesmo, mais de dentro do eu
do que sonho que a gente finge que esconde. Corre sem destino ou carência de
responsabilidade ou juízo, nem melindra, nem deixa cicatriz, mas apetece a boca
cheia de dúvida como pitanga madura colhida com os lábios espertos e semeados
na garganta de Rosinha. Quem sabe mesmo é só o disfarçado do futuro escuro, que
se finge de sonso, mas que daí não interessa mais, pois virou passado e passado
já queimou na alegria ou virou cinza e saudade. A semana passada aquela
juritizinha estava ainda chocando quieta como perfume de azaleia. Fingia que era
muda, pois o mundo gato, gavião e roubalheiro queria tudo que ela tinha. Agora
exibe os biquinhos afoitos dos filhotes esfomeados piando alto pelo inseto de
cada dia.
Domingo
pede preguiça rezadeira, perfume de água de cheiro e botina nova. Pé na estrada,
mas também assobiar ajuda o fôlego. Não sei por que, mas deve ser porque
espanta os maus olhados. Não há vez que
passe no oitão da curva grande que não veja Rosinha despencando nos meus quereres
das intimidades e conformes, sem nenhum respeito, se atirando de beijo e
camomila até que o mundo se acabe para os dois nós, nos carinhos que ninguém
ensinou. Falta pouco. Vamos prosperando os desconformes. Um pedaço de peito se
estilhaça no porvir carente do muito com que se conta. De longe a fantasia vai
se tornando realidade e o mundo pode começar a querer se acabar, pois uma légua
de sorriso de Rosinha já virou futuro.
E sem
saber por que o domingo se acaba em alegria do esperando que ele se torne
passado e que o próximo traga de volta todos os sonhos da minha Rosinha.
Ceflorence 28/06/17 email cflorence.amabrsil@uol.com.br
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